Agência de Notícias
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 15h12.
Última atualização em 6 de agosto de 2025 às 15h26.
O governo da Índia classificou nesta quarta-feira como "injustos, injustificados e irracionais" os novos impostos anunciados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevam para 50% a tarifa sobre as importações indianas, e advertiu que "tomará todas as ações necessárias" para proteger seus interesses.
O comunicado emitido pelo porta-voz do Ministério de Relações Exteriores foi uma reação à ordem executiva assinada horas antes por Trump, que pune a Índia com uma tarifa adicional de 25% (somada aos 25% já existentes) por suas grandes compras de petróleo da Rússia.
"É extremamente lamentável que os EUA escolham impor tarifas adicionais à Índia por ações que muitos outros países também estão realizando em seu próprio interesse nacional", afirma a declaração oficial.
Essa resposta se soma a uma contraofensiva diplomática que Nova Delhi já havia lançado na última segunda-feira, quando, em uma declaração mais extensa, a Índia acusou o Ocidente de "hipocrisia", detalhando seu próprio comércio com a Rússia em setores como o urânio e o gás.
A decisão de Trump de duplicar as tarifas é o ápice de meses de tensão que colocam as duas potências à beira de uma guerra comercial. A crise teve início em abril, quando Washington ameaçou com "tarifas recíprocas", dando início a semanas de negociações intensas, mas sem sucesso.
Como não foi possível chegar a um acordo, os EUA impuseram uma primeira tarifa de 25% em 1º de agosto. A justificativa oficial da Casa Branca foi o persistente déficit comercial com a Índia, que Washington atribui ao protecionismo do país asiático.
Nos últimos dias, no entanto, o próprio Trump ampliou a justificativa, vinculando explicitamente a pressão tarifária à recusa de Nova Delhi em reduzir suas importações de petróleo russo, em uma tentativa de aumentar a pressão sobre o Kremlin por causa da guerra na Ucrânia.
O governo indiano, por sua vez, tem defendido o tempo todo que sua política energética responde à "necessidade nacional" de garantir energia acessível para seus 1,4 bilhão de habitantes.