Agência
Publicado em 10 de julho de 2025 às 15h22.
Última atualização em 10 de julho de 2025 às 15h37.
A administração Trump enfrenta críticas crescentes diante da iminente aplicação de novas tarifas sobre navios estrangeiros que transportam automóveis aos Estados Unidos.
Fabricantes de veículos afirmam que a medida elevará custos para os consumidores americanos e pressionam por uma reavaliação. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) encerrou recentemente o período de consulta pública sobre a proposta.
No total, 68 partes interessadas enviaram comentários, incluindo o governo da Coreia do Sul. Entre os críticos estão o Conselho Mundial de Navegação, a Ford e a Caterpillar, que alertaram para os impactos negativos das tarifas sobre o setor.
Segundo a Alliance for American Manufacturing, mesmo com a tarifa reduzida para US$ 14 por tonelada líquida, o custo por navio pode alcançar US$ 600 mil.
Profissionais do setor de logística ouvidos pelo portal chinês Yicai Global afirmam que a medida deverá elevar os preços ao consumidor, já que os custos operacionais devem ser repassados à cadeia.
A tarifa terá impacto imediato em setores que dependem de transporte marítimo de veículos, além de afetar o preço final para os consumidores americanos.
O plano tarifário foi anunciado em abril. A primeira fase entra em vigor em 14 de outubro, com a introdução da chamada "tarifa de serviço marítimo" para navios estrangeiros que transportam veículos. Inicialmente, o USTR propôs uma cobrança de US$ 150 por unidade equivalente de automóvel (CEU).
Após pressões, a base de cálculo foi alterada para tonelagem líquida, com valor fixado em US$ 14 por tonelada. Mesmo com a alteração, a indústria continua a considerar a mudança insuficiente, dado que os custos ainda são elevados.
A indústria considera a mudança insuficiente. Em comunicado, Joe Kramek, CEO do World Shipping Council, afirmou que as tarifas têm efeito retroativo, são ilimitadas e não atacam os comportamentos que o governo busca corrigir.
O CEO da Wallenius Wilhelmsen, Lasse Kristoffersen, também se manifestou contra a medida, destacando que a nova regulamentação compromete a competitividade das exportações americanas e cria obstáculos logísticos significativos para as empresas que operam nos portos do país.
Em sua contribuição ao USTR, o grupo Autos Drive America destacou que a indústria naval dos EUA levará anos para entregar uma frota de navios capaz de atender à demanda.
Sem embarcações alternativas, a tarifa não alcançará seu objetivo de incentivo à construção naval doméstica. A Ford afirmou que a cobrança indistinta da tarifa, independentemente da propriedade do navio, impõe um ônus desproporcional às montadoras americanas.
A Caterpillar alertou que menos navios poderão optar por atracar nos EUA, reduzindo opções logísticas e aumentando custos. A Federação Nacional do Varejo dos EUA também criticou a medida, destacando que os custos serão repassados aos donos de carga, importadores e exportadores.
O governo sul-coreano solicitou formalmente ao USTR a exclusão do país da nova taxa. Segundo comunicado enviado pelos ministérios da Indústria e da Pesca, a tarifa prejudicaria empresas como Hyundai, Kia e a transportadora Hyundai Glovis, afetando tanto a Coreia quanto os EUA.
O documento afirma que a medida representa um ônus adicional às indústrias dos dois países, podendo comprometer a parceria comercial. As autoridades coreanas pedem que a taxa seja revista e limitada a cinco cobranças por navio por ano, já que as embarcações costumam operar com múltiplas escalas ao longo do ano.
O governo também destacou que Hyundai e Kia cumpriram compromissos de investimento durante o primeiro mandato de Trump e anunciaram US$ 21 bilhões em novos aportes.
A Coreia defende que os EUA ajustem a proposta para evitar danos ao setor industrial de aliados estratégicos. Enquanto isso, as indústrias americanas e estrangeiras pressionam o governo para que a tarifa seja revista ou ajustada, de forma a mitigar impactos econômicos negativos e desafios logísticos.