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Inflação nos EUA acelera para 0,3% em junho com alta em energia e alimentos

Índice de preços ao consumidor sobe 2,7% em 12 meses; núcleo avança 0,2% no mês

Supermercado: Inflação nos EUA volta ao foco com divulgação do CPI  (Franki Chamaki /Unsplash)

Supermercado: Inflação nos EUA volta ao foco com divulgação do CPI (Franki Chamaki /Unsplash)

Publicado em 15 de julho de 2025 às 09h57.

Última atualização em 15 de julho de 2025 às 10h56.

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos acelerou em junho, puxada por altas nos preços de alimentos, energia e moradia. Segundo dados divulgados nesta terça-feira, 15, pelo órgão de estatísticas do Departamento do Trabalho dos EUA, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,3% em termos mensais, após uma alta de 0,1% em maio.

Em junho, no acumulado de 12 meses, o índice subiu 2,7%. Em comparação, em maio, o aumento acumulado no último ano havia sido de 2,4%.

O aumento mensal foi impulsionado principalmente pelo avanço de 0,2% no índice de moradia, que representa o maior peso individual na cesta do CPI. Apesar da importância desse item, analistas consideraram a leitura de junho “comportada”. Segundo a Bloomberg, foi um dos aumentos mais amenos dos últimos anos, o que ajuda a conter a pressão inflacionária geral.

Também contribuíram para a alta os preços de energia, que subiram 0,9% no mês, com destaque para o aumento de 1,0% na gasolina e na eletricidade.

No grupo de alimentos, a inflação também foi de 0,3%, repetindo o ritmo de maio. A alimentação no domicílio teve a mesma variação de 0,3%, com aumento expressivo nos preços de bebidas não alcoólicas, que subiram 1,4%, impulsionadas por um salto de 2,2% no café.

Os preços de frutas e vegetais avançaram 0,9%, com destaque para o grupo das frutas cítricas, que teve alta de 2,3%. Já os preços de carnes, aves, peixes e ovos caíram 0,1%, com os ovos recuando 7,4% no mês, compensados por uma alta de 2,0% na carne bovina.

Alimentos fora de casa subiram 0,4%, com variação de 0,5% em refeições completas e 0,2% em lanches rápidos.

Núcleo da inflação

O núcleo da inflação, que exclui os itens mais voláteis (alimentação e energia), subiu 0,2% em junho, após um aumento de 0,1% em maio. O dado ficou abaixo da expectativa de 0,3% do mercado. Em 12 meses, o núcleo acumulou alta de 2,9%.

Entre os destaques mensais desse grupo, os preços de mobiliário doméstico subiram 1,0%, enquanto cuidados médicos avançaram 0,5%, com altas de 0,4% nos serviços hospitalares e nos medicamentos, e de 0,2% nos serviços médicos ambulatoriais. Recreação e vestuário subiram 0,4% cada, enquanto os itens de cuidado pessoal aumentaram 0,3%.

Em contrapartida, os preços de carros usados caíram 0,7%, os de veículos novos recuaram 0,3% e as passagens aéreas diminuíram 0,1%.

Na comparação anual, o grupo de moradia acumula alta de 3,8%. Outras pressões relevantes incluem o seguro de veículos, com alta de 6,1% em 12 meses; os cuidados médicos, com 2,8%; e os gastos com móveis e utensílios domésticos, que avançaram 3,3% no mesmo período.

Já o grupo de energia, apesar da alta mensal, acumula queda de 0,8% nos últimos 12 meses até junho. Nesse período, os preços da gasolina recuaram 8,3% e os do óleo combustível, 4,7%. Em direção oposta, os preços da eletricidade subiram 5,8% e os do gás natural, 14,2%.

Os dados reforçam a leitura de que a inflação nos Estados Unidos segue em trajetória de desaceleração, mas com sinais de resiliência em serviços e alimentação fora de casa. O comportamento do núcleo, que segue abaixo de 3% ao ano, deve ser acompanhado de perto pelo Federal Reserve, que ainda adota tom cauteloso quanto à flexibilização da política monetária.

Segundo informações da agência Bloomberg, o mercado agora precifica com mais convicção um corte de juros em setembro, mas as chances de redução já na reunião de julho continuam remotas.

Efeitos das tarifas

Apesar do alívio imediato nos mercados, analistas alertam que os efeitos das novas tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump ainda não se refletiram de forma significativa nos preços.

Segundo Anna Wong, economista chefe da Bloomberg Economics, as empresas continuaram repassando os custos das tarifas aos consumidores em junho, mas esse movimento foi compensado pela desinflação em categorias de despesas não essenciais, como veículos e hotéis.

O Goldman Sachs projeta que a inflação do núcleo do CPI deve acelerar nos próximos meses, com avanços mensais entre 0,3% e 0,4%, de acordo com a Reuters. A expectativa é que as tarifas comecem a pressionar os preços de bens como eletrônicos, automóveis e vestuário. Para o banco, o impacto nos serviços deve ser mais limitado no curto prazo.

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