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Israel diz na ONU que 'não vai parar' de atacar o Irã até que 'ameaça nuclear seja desmantelada'

Fala ocorreu enquanto conversas diplomáticas aconteciam entre ministros de Relações Exteriores de potências europeias e o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, em Genebra, para buscar um fim do conflito

A fala do embaixador, Danny Danon, ocorreu enquanto conversas diplomáticas aconteciam entre ministros de Relações Exteriores de potências europeias e o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, em Genebra, para buscar um fim do conflito, que já se estende por oito dias. (AFP)

A fala do embaixador, Danny Danon, ocorreu enquanto conversas diplomáticas aconteciam entre ministros de Relações Exteriores de potências europeias e o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, em Genebra, para buscar um fim do conflito, que já se estende por oito dias. (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de junho de 2025 às 16h18.

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, afirmou em reunião emergencial do Conselho de Segurança nesta sexta-feira que Israel não vai interromper seus ataques ao Irã até que a "ameaça nuclear do país seja desmantelada". A fala ocorreu enquanto conversas diplomáticas aconteciam entre ministros de Relações Exteriores de potências europeias e o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, em Genebra, para buscar um fim do conflito, que já se estende por oito dias.

— Não vamos parar. Não até que a ameaça nuclear do Irã seja desmantelada, não até que sua máquina de guerra seja desarmada, não até que nosso povo e o seu estejam seguros — disse Danon.

Por sua vez, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, pediu ao Conselho de Segurança que tome medidas urgentes para conter a crise:

— Israel aparentemente declarou que continuará este ataque por quantos dias forem necessários. Estamos alarmados com relatos confiáveis ​​de que os Estados Unidos podem estar se juntando a esta guerra — disse ele.

Em outro momento de tensão, Danon criticou Irvani, que havia criticado o ataque israelense ao Irã minutos antes, por "se fazer de vítima".

— Como ousa pedir à comunidade internacional que o proteja das consequências da sua própria agenda genocida? — disse Danon.

Durante a reunião — a segunda para discutir a situação, solicitada pelo Irã com apoio da Rússia, China e Paquistão —, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao Irã e a Israel, e às possíveis partes envolvidas no conflito, que deem "uma chance à paz".

— Para as partes em conflito, para as partes em potencial em conflito e para o Conselho de Segurança, que representa a comunidade internacional, tenho uma mensagem simples e clara: dêem uma chance à paz — disse Guterres. — Há momentos em que as escolhas diante de nós não são apenas importantes, são decisivas. Momentos em que a direção que tomarmos determinará não apenas o destino das nações, mas o futuro da Humanidade. Estamos em um momento assim.

Diálogo em Genebra

Enquanto o Conselho de Segurança se reunia com urgência para abordar as "ameaças à paz e à segurança" do conflito, as negociações sobre o programa nuclear do Irã começaram em Genebra entre o principal diplomata iraniano e seus colegas da União Europeia, França, Alemanha e Reino Unido. Os europeus querem aproveitar esta oportunidade para reacender as negociações sobre o programa nuclear do Irã e dar uma chance à diplomacia no oitavo dia de conflito.

Os detalhes das conversas em Genebra ainda não são conhecidos. Mas o presidente francês, Emmanuel Macron, adiantou na manhã desta sexta-feira que seria apresentada "uma oferta de negociação completa, diplomática e técnica" ao Irã, que incluísse a questão do programa nuclear, para acabar com o conflito crescente. Ainda segundo ele, esta solução pacífica seria "colocada sobre a mesa", mas o Irã precisaria "mostrar sua disposição de aderir à plataforma". O chanceler iraniano, por sua vez, declarou estar aberto ao diálogo com os europeus.

Enquanto isso, o presidente americano, Donald Trump, deu a si mesmo "duas semanas" para decidir sobre uma possível intervenção militar dos EUA ao lado de Israel. Qualquer envolvimento dos EUA na campanha de Israel envolveria o bombardeio de uma instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordow, usando poderosas bombas destruidoras de bunkers que nenhum outro país possui.

O secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, disse que "agora existe uma janela nas próximas duas semanas para chegar a uma solução diplomática", ao mesmo tempo em que concordou com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de que "o Irã nunca poderá desenvolver ou adquirir uma arma nuclear".

Governos ocidentais suspeitam que o Irã esteja buscando capacidade de desenvolver armas nucleares.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) afirma que, embora o Irã seja o único país sem armas nucleares capazes de enriquecer urânio a 60%, não há evidências de que o país tenha todos os componentes para fabricar uma ogiva nuclear funcional.

— Então, dizer quanto tempo levaria seria pura especulação, porque não sabemos se havia alguém secretamente realizando essas atividades — disse o chefe da agência, Rafael Grossi, à CNN. — Não vimos isso e temos que dizer.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Lemoine, disse que "soluções militares não são soluções de longo prazo" para garantir que o Irã respeite suas obrigações sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Discursando no Conselho de Direitos Humanos da ONU na sexta-feira, Araghchi disse que os ataques de Israel foram uma "traição" aos esforços diplomáticos para chegar a um acordo nuclear entre Teerã e Washington.

— Fomos atacados no meio de um processo diplomático em andamento — disse ele.

Em uma entrevista à publicação alemã Bild, o principal diplomata israelense, Gideon Saar, disse que não acreditava "particularmente" em diplomacia com o Irã.

— Todos os esforços diplomáticos até agora falharam — disse Saar, cujo país apoiou a decisão de Trump em 2018 de abandonar um acordo nuclear anterior entre o Irã e potências mundiais.

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