Lee Jae-myung: político do Partido Democrático foi eleito presidente da Coreia do Sul ( Chung Sung-Jun /Getty Images)
Repórter
Publicado em 3 de junho de 2025 às 14h21.
O advogado Lee Jae-myung, de 61 anos e ex-operário de fábrica, foi eleito presidente da Coreia do Sul nesta terça-feira, 3, logo após o rival Kim Moon-soo reconhecer a derrota e o resultado dos votos.
Com 90% dos votos apurados, o candidato do Partido Democrático, oposição ao governo, obteve 48,4% dos votos, enquanto Kim Moon-soo, representante do governista Partido do Poder do Povo, conseguiu 46,2%, segundo a Bloomberg.
Em um discurso, Lee prometeu restaurar a economia do país e promover a paz na Península Coreana, segundo informações da BBC. "Agradeço a grande decisão do público. Farei o possível para cumprir a responsabilidade e missão, sem decepcionar as expectativas. Obrigado".
Segundo a Comissão Nacional Eleitoral, a participação eleitoral atingiu 79,4%, o que representa aumento de 2,3 pontos percentuais em relação à eleição de 2022 e o maior índice em 28 anos.
A eleição ocorre depois de um período de crise institucional iniciado em 3 de dezembro do ano passado, quando o ex-presidente Yoon Suk-yeol tentou instaurar um autogolpe, decretando lei marcial e suspendendo a Assembleia Nacional. A resistência liderada por Lee, então parlamentar em seu segundo mandato, levou à derrubada do decreto e, dez dias depois, ao processo de impeachment contra Yoon.
Representantes do Partido Democrático interpretam o resultado como o desfecho desse impasse político.
Yoon e sua esposa, investigada por corrupção — uma das causas dos protestos que culminaram no impeachment — foram figuras presentes durante a campanha e chamaram atenção ao votarem juntos nesta terça. Recentemente, Yoon anunciou sua saída do PPP, em uma movimentação analisada como tentativa de beneficiar Kim Moon-soo, ex-ministro de seu governo.
O resultado oficial da eleição deve ser divulgado na madrugada de quarta-feira em Seul (tarde de terça em Brasília). Mais tarde entre 7h e 9h do dia 4 no horário local (noite de terça em Brasília), a comissão eleitoral proclamará o vencedor, que iniciará um mandato de cinco anos, incluindo a autoridade como comandante das Forças Armadas.
O novo presidente deve visitar o Cemitério Nacional, de acordo com a tradição, e participar de uma cerimônia na Assembleia Nacional por volta do meio-dia, onde fará seu discurso de posse.
Nas relações internacionais, Lee prometeu pragmatismo na aproximação com a China, principal parceiro comercial da Coreia do Sul, enquanto mantém a aliança militar com os Estados Unidos como pilar da política externa sul-coreana. Ele sinalizou a intenção de aprofundar essa cooperação.
Também foi destacado que Lee pretende aguardar negociações de outros países, como o Japão, antes de retomar o diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas sobre produtos sul-coreanos, suspensas temporariamente até 8 de julho.
A imposição dessas tarifas levou a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a reduzir a projeção de crescimento do país para 1% neste ano, contra 2,1% previsto em dezembro. As exportações sul-coreanas caíram 1,3% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Park Chan-dae afirmou que a situação econômica foi fator decisivo na eleição. Segundo ele, "o apoio a Lee expressa o desejo da população por recuperação após o descontrole econômico e o colapso dos meios de subsistência, agravados nos três anos do governo Yoon."