Líderes do Brics durante cúpula no Rio de Janeiro; bloco cobrou trégua em Gaza e condenou diretamente ações israelenses na região (Mauro Pimentel/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 6 de julho de 2025 às 19h35.
Os líderes do Brics, reunidos neste domingo e na segunda-feira no Rio de Janeiro, expressaram "profunda preocupação" com "a retomada dos contínuos ataques de Israel" à Faixa de Gaza e condenaram "o uso da fome como método de guerra".
"Condenamos todas as violações do Direito Internacional Humanitário, incluindo o uso da fome como método de guerra. Também condenamos as tentativas de politizar ou militarizar a assistência humanitária", afirmou o grupo em sua declaração final.
Como na última cúpula em Kazan, na Rússia, o Brics, que conta com o Irã entre seus parceiros permanentes desde 2024, reiterou seu "firme compromisso com a solução de dois Estados (Israel e Palestina) de acordo com o direito internacional".
Ao contrário da guerra na Ucrânia, onde evitaram mencionar a Rússia como o país agressor, e os ataques ao Irã, onde não mencionaram Israel nem os Estados Unidos, para o conflito em Gaza eles apontaram diretamente para o Estado judeu.
O Brics também denunciou a "obstrução da entrada de ajuda humanitária" no território palestino e "tentativas de politizar ou militarizar a assistência".
Nas últimas semanas, de acordo com dados da ONU, mais de 400 habitantes da Faixa de Gaza foram mortos a caminho dos pontos de distribuição de alimentos, que são controlados por Israel.
Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.200 pessoas e sequestrou outras 251 em solo israelense, a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza já matou mais de 57.000 pessoas e feriu quase 140.000, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo islâmico.
As partes agora se preparam para negociar uma trégua em Doha, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse nessa semana que Israel havia aceitado uma proposta de cessar-fogo de 60 dias em Gaza e expressou esperança de que o Hamas também aceitasse o acordo.
Nesse contexto, o Brics conclamou as partes “a se engajarem de boa-fé em novas negociações com o objetivo de alcançar um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional; a retirada total das forças israelenses da Faixa de Gaza e de todas as outras partes do Território Palestino Ocupado; e a libertação de todos os reféns e detentos mantidos em violação do direito internacional”, disseram.
O bloco também pediu que as partes “cumpram suas obrigações de acordo com o direito internacional, exerçam a máxima contenção e evitem ações de escalada e declarações provocativas”.