Pepe Mujica: ex-presidente do Uruguai morreu nesta terça-feira (Miguel Rojo/AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 13 de maio de 2025 às 17h56.
Lideranças internacionais lamentaram, nesta terça-feira, a morte de José "Pepe" Mujica, o ex-guerrilheiro que governou o Uruguai entre 2010 e 2015 com um discurso anticonsumista que o transformou em uma referência da esquerda latino-americana.
O “presidente mais pobre do mundo”, apelido que ganhou por sua austeridade, revelou no início deste ano que o câncer de esôfago com o qual foi diagnosticado em 2024 havia se espalhado e que seu corpo não suportava mais o tratamento.
"É com profundo pesar que anunciamos o falecimento de nosso camarada Pepe Mujica", informou o atual presidente Yamandú Orsi, em sua conta no X. "Presidente, ativista, líder e líder. Sentiremos muito a sua falta, velho querido."
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que o legado do ex-presidente uruguaio servirá de exemplo para futuras gerações:
"O legado de 'Pepe' Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações", afirmou, acrescentando que Mujica foi "um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época".
Luis Alberto Lacalle Pou, ex-presidente de centro-direita do Uruguai (2020-2025), também prestou seu respeito a Mujica, saudando "seu partido político, seu povo e sua parceira de vida".
"Gostaria de destacar as coisas boas e as coincidências. Entre outras, fico com a imagem da viagem ao Brasil para a posse de Lula", lembrou Lacalle Pou.
Para Luis Arce, presidente da Bolívia, Mujica foi um "um verdadeiro farol de esperança, humildade e luta pela justiça social" e sua vida, "um testemunho de rebeldia e amor por seu povo".
"Seu legado viverá em nossos corações, na história do Uruguai e da Pátria Grande, sempre nos lembrando da importância de não desistirmos de nossa missão de alcançar um mundo mais justo e unido", declarou Arce.
Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, saudou "o grande revolucionário" Mujica e seu ideal de integração da América Latina e do Caribe.
"Adeus, meu amigo. Espero que um dia a América Latina tenha um hino, espero que um dia a América do Sul se chame: Amazônia", escreveu Petro. "Hoje acredito firmemente que o projeto de integração da América Latina é construir, como a União Europeia, uma União Grancolombiana, que, no coração da América Latina e do Caribe, dará o passo decisivo para a integração."
Felipe Calderón, ex-presidente do México (2006-2012) recordou seus encontros com Mujica em Montevidéu e em Guadalajara, quando ambos eram chefes de Estado, e o descreveu como "um homem de liderança congruente, gentil, simples e exemplar".
A atual presidente do México, Claudia Sheinbaum, também lamentou "profundamente" o falecimento do "querido Pepe Mujica", segundo ela, "um exemplo para a América Latina e para o mundo inteiro pela sabedoria, reflexão e simplicidade que o caracterizavam".
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales (2006-2019), por sua vez, disse que "toda a América Latina está de luto":
"Estamos profundamente tristes com a partida de meu irmão Pepe Mujica. Sempre me lembro de seus conselhos cheios de experiência e sabedoria. Ele acreditava fervorosamente na integração e na Pátria Grande. Seus ensinamentos e seu grande exemplo permanecem. Estendo um abraço à sua família, aos companheiros de militância e ao povo uruguaio", escreveu na rede social X.
Rafael Correa, que governou o Equador entre 2007 e 2017, resumiu a perda de Mujica com um emoji triste: "Perdemos o Pepe", escreveu.
Lideranças europeias também destacaram a importância de Mujica para a política.
"Um mundo melhor. Foi nisso que Pepe Mujica acreditou, fez campanha e viveu", disse Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha. "A política faz sentido quando é vivida assim, com o coração. Meu mais profundo carinho por sua família e pelo Uruguai. Eterno, Mujica."
Na visão de Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, Pepe Mujica "foi um homem que transcendeu as divisões políticas e sociais, um líder cuja simplicidade, a rejeição ao ódio e o compromisso com a vida o tornaram uma figura única no cenário mundial".
"Como os gigantes da história, José Pepe Mujica nunca morrerá", escreveu, em nota. "Dom Pepe sempre teve o cultivo de flores como seu primeiro e principal ofício. Hoje, todas as flores do mundo desabrocham em sua homenagem."