Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 10h56.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 11h21.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump conversaram por telefone na manhã desta segunda-feira, 6.
A conversa estava marcada para começar às 10h30. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que a conversa foi 'positiva' e que uma nota sobre o encontro será divulgada em breve.
Além de Haddad, participaram da conversa o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Mauro Vieira (Relações Internacionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação).
A ligação é realizada quase duas semanas após o primeiro contato entre eles, ocorrido em meio à Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro.
Esta foi a segunda conversa entre os dois líderes desde a posse de Trump, em janeiro, e desde que o americano passou a pressionar o Brasil a suspender o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A onda de pressão contra o Brasil começou para valer em 9 de julho, quando Trump anunciou uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros, que entrou em vigor em 6 de agosto. Ele disse que a medida era uma resposta às ações do Brasil contra Bolsonaro e a processos judiciais brasileiros contra empresas americanas, entre outras razões.
Desde então, o governo brasileiro busca negociar com a gestão Trump, mas enfrentava dificuldades e não conseguia estabelecer uma mesa de negociação.
Ao mesmo tempo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem feito campanha contrária e buscado convencer autoridades do governo Trump a não negociar com o governo do Brasil.
Em setembro, os dois tiveram seu primeiro encontro em meio à Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 23 de setembro.
"Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós o vimos, e eu o vi, ele me viu e nos abraçamos. Combinamos que nos encontraríamos na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar. Cerca de 20 segundos", disse Trump, durante seu discurso na Assembleia Geral.
"Ele pareceu um homem muito legal. Na verdade, ele gostou de mim. Eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem gosto. Tivemos uma química excelente. É um bom sinal", completou.
Antes, Trump comentou as tarifas impostas sobre o Brasil, de 50%.
"O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos", afirmou.
Por sua vez, Lula disse que foi surpreendido pela aproximação do americano, realizada quando ele caminhava após sair do púlpito da Assembleia Geral da ONU. Trump faria o discurso seguinte ao do líder brasileiro.
"Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu. Eu fiquei feliz que ele disse que pintou uma química boa entre nós. As relações humanas são 80% química e 20% emoção, disse Lula, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 24, na sede da ONU.
"É muito importante essa relação e eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente. Nós temos muitos interesses empresariais, industriais, tecnológicos e científicos no debate sobre a questão digital e a inteligência artificial e na questão comercial. Espero que, dentro de alguns dias, a gente possa se encontrar e fazer uma pauta positiva. É o que eu quero e acho que ele quer também', afirmou.