O presidente Luiz Inacio Lula da Silva, durante evento em Brasília, em 30 de junho (Evaristo Sá/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 9 de julho de 2025 às 20h05.
Última atualização em 9 de julho de 2025 às 20h21.
O presidente Luiz Inacio Lula da Silva respondeu ao presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a ameaça de taxar os produtos brasileiros em 50%.
Em um post na rede social X, às 19h56, Lula disse que o Brasil é um país soberano e que "qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica."
A Lei de Reciprocidade foi aprovada pelo Congresso do Brasil em abril. Ela permite ao governo brasileiro retaliar tarifas impostas por outros países. Após o anúncio das medidas, parlamentares governistas passaram a defender o uso dessa lei.
O presidente Lula disse ainda que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro é "de competência apenas da Justiça Brasileira" e que as empresas americanas precisam seguir a lei do país.
"O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.", escreveu Lula.
Na tarde desta quarta-feira, Trump anunciou nesta quarta-feira, 9, uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros. Ele disse que a taxa se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas.
A medida de Trump foi anunciada para passar a valer em 1º de agosto, mas ainda pode ser negociada. A taxa ainda precisa ser oficializada por uma ordem executiva ou outro documento dos EUA.
Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta-quarta (9), é importante ressaltar:
O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.
O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.
No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.
No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.
É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.
Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo.
No tarifaço anunciado em abril, o Brasil havia ficado na categoria mais baixa, de 10% de taxas extras. Os EUA possuem superávit comercial com o Brasil. Ou seja: vendem mais produtos para cá do que os brasileiros enviam para os americanos.
No primeiro trimestre de 2025, os dois países trocaram US$ 20 bilhões em mercadorias, sendo que os EUA tiveram superavit de US$ 653 milhões, segundo dados da plataforma Comexstat, do governo brasileiro.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial brasileiro, atrás da China. Os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA no ano passado foram: