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Macron diz que ataque dos EUA ao Irã não está respaldado pelo direito internacional

Declaração foi feita pelo presidente francês durante uma visita a Oslo, na Noruega

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 23 de junho de 2025 às 17h43.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta segunda-feira, em Oslo, que os ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã no último fim de semana não estão respaldados pelo direito internacional.

“Não há base legal para esses ataques, mesmo que a França compartilhe do objetivo de não ver o Irã se dotar de armas nucleares”, disse Macron em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, durante visita de Estado ao país nórdico.

“Desde o início, com constância, consideramos que é pela via diplomática e técnica que se pode alcançar” uma solução para o desafio nuclear iraniano, explicou Macron.

O mandatário francês defendeu o acordo feito por via diplomática em 2015 como exemplo dos resultados diplomáticos que podem ser obtidos para conter o programa nuclear iraniano, já que naquele ano Teerã e várias potências internacionais assinaram os acordos do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA).

No entanto, “os EUA decidiram sair do JCPOA três anos depois, a França lamentou e eu lutei para renegociá-lo, ampliá-lo e organizar encontros, mas como esse marco não foi respeitado, pudemos acompanhar pior o programa nuclear iraniano”, disse o presidente francês, que rejeitou a ideia de uma eventual imposição de “mudança de regime” no Irã.

“Acredito na soberania dos povos e em sua soberania territorial. Acredito nela na Ucrânia e, de fato, constato que todos acreditamos nela. Não há dois pesos e duas medidas. Os europeus defendem um universalismo do direito internacional, porque é isso que está no cerne do nosso compromisso”, acrescentou, além de dizer não acreditar em iniciativas de “mudança de regime” impostas.

Macron avaliou que, “se deve haver uma mudança de regime no Irã, ela deve ser fruto do próprio povo iraniano, não das bombas”, referindo-se à história recente para explicar seu ceticismo diante da ideia de impor uma mudança na liderança política do país.

“Se olho para a história recente, penso que sempre que fizemos essa escolha, independentemente da legitimidade da iniciativa - que poderia existir -, cometemos um erro, para não dizer uma falta, e isso nunca conduziu a uma maior estabilização”, argumentou o presidente francês.

Preocupação na região

O primeiro-ministro norueguês concordou com o chefe de Estado francês ao apontar que as ações militares contra o Irã não são amparadas pelo direito internacional.

“Acho que as leis internacionais têm princípios claros sobre o uso da força: ela é permitida com o consentimento do Conselho de Segurança da ONU ou em legítima defesa. Acho que isso está fora do âmbito do direito internacional”, enfatizou.

Segundo Store,“ao mesmo tempo, o Irã tem um programa nuclear que gera grande preocupação”.

“Todos temos a responsabilidade de fazer o que pudermos para que essas questões do Oriente Médio sejam resolvidas diplomaticamente. É nisso que devemos concentrar nossos esforços. Este conflito não pode ser resolvido militarmente, nem o de Gaza”, argumentou o norueguês.

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