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Maduro está escondido? Por que os EUA estão oferecendo US$ 50 mi pelo paradeiro do presidente

EUA aumentam recompensa para 50 milhões de dólares por informações sobre Nicolás Maduro, pressão internacional aumenta

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: governo dos EUA aumentou para US$ 50 mi a recompensa para informações que levem à sua captura (ZURIMAR CAMPOS/Venezuelan Presidency/AFP)

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: governo dos EUA aumentou para US$ 50 mi a recompensa para informações que levem à sua captura (ZURIMAR CAMPOS/Venezuelan Presidency/AFP)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 8 de agosto de 2025 às 17h34.

Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 18h46.

O governo dos Estados Unidos, sob administração do presidente Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 7, o aumento da recompensa para 50 milhões de dólares por informações que levarem à captura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Esse valor representa a maior recompensa já oferecida a um indivíduo estrangeiro na história americana, superando até a mesma oferta feita pelo governo dos EUA pela captura de Osama bin Laden após os ataques de 11 de setembro de 2001.

A decisão de elevar a recompensa de 25 milhões para 50 milhões de dólares – valor que já havia subido de 15 milhões desde 2020, quando as primeiras acusações formais foram feitas – evidencia a intensificação da estratégia americana contra Maduro.

Os Estados Unidos o acusam formalmente desde 2020 de narcoterrorismo, tráfico de cocaína e uso de organizações criminosas para infiltrar drogas, inclusive cocaína misturada com fentanil, no território americano.

Nicolás Maduro é apontado como líder do chamado “Cartel de los Soles”, uma suposta organização criminosa que facilita o tráfico de drogas e está associado a grupos paramilitares e facções internacionais, como o cartel mexicano de Sinaloa.

Pam Bondi, procuradora-geral dos Estados Unidos, destacou que a Agência de Repressão às Drogas (DEA) já confiscou mais de 30 toneladas de drogas diretamente ligadas ao regime de Maduro e seus aliados, além de bens avaliados em mais de 700 milhões de dólares.

Entre esses ativos estão dois jatos privados, novos veículos de luxo e outros bens pertencentes aos aliados do presidente venezuelano.

Bondi afirmou que Maduro representa uma ameaça direta à segurança nacional dos Estados Unidos devido à sua vinculação com o narcotráfico e organizações terroristas estrangeiras que promovem a violência e o tráfico de drogas.

Além disso, o governo Trump reforçou a afirmação de que o regime de Maduro é ilegítimo.

Há anos, quando os EUA deixaram de reconhecer Maduro como presidente, a administração americana passou a apoiar opositores, como Edmundo González, considerado por Washington como o presidente legítimo da Venezuela e vencedor das últimas eleições.

A eleição venezuelana de 2024 foi rejeitada por Washington, União Europeia e países da América Latina, que denunciaram fraude e manipulação eleitoral.

Apesar das pressões, Maduro mantém o controle das instituições e do governo venezuelano, apoiado por forças militares internas e aliados internacionais como Rússia, China e Irã.

Como lembrou o jornal The New York Times em matéria de janeiro deste ano, quando Trump elevou pela primeira vez a recompensa por informações sobre o paradeiro de Maduro, esse tipo de recompensa é considerada como um artifício simbólico de fazer pressão sobre o líder venezuelano — e não um esforço sério para efetuar uma prisão.

Nesta sexta, 8, o jornal norte-americano também informou que o presidente Trump assinou "secretamente uma diretiva para que o Pentágono comece a usar força militar contra determinados cartéis de drogas latino-americanos que seu governo classificou como organizações terroristas, segundo pessoas familiarizadas com o assunto".

A decisão de envolver as Forças Armadas dos Estados Unidos na luta, diz o NYT, é a medida mais agressiva até agora na campanha em escalada do governo contra os cartéis.

"Ela sinaliza a disposição contínua de Trump em usar forças militares para executar o que tem sido considerado, principalmente, uma responsabilidade de aplicação da lei: conter o fluxo de fentanil e outras drogas ilegais", diz trecho da reportagem.

Maduro está realmente escondido?

Apesar da recompensa recorde e da intensa pressão, Nicolás Maduro não está formalmente desaparecido ou escondido.

Ele segue visível em atividades oficiais, governando de forma presencial e controlando as decisões políticas e militares do país.

No entanto, o isolamento diplomático imposto pelos Estados Unidos e seus aliados tem aumentado, e pode corroer a sua base de apoio internacional e ampliando as dificuldades políticas internacionais.

O contexto da tensão entre Washington e Caracas

O histórico de relações entre os Estados Unidos e a Venezuela tem sido conflituoso, se intensificou a partir de meados da última década.

Os EUA passaram a não considerar Maduro já em 2019, apoiando opositores e impondo desde então uma série de avaliações econômicas e diplomáticas, buscando uma mudança de regime.

Além disso, as investigações criminais contra membros do governo venezuelano foram ampliadas, envolvendo narcotráfico, lavagem de dinheiro e corrupção.

O aumento da recompensa ocorre em um momento em que a Venezuela enfrenta uma crise econômica e política, com tensão social e pressão externa. Washington pretende ampliar o isolamento do regime de Maduro, retirando-lhe o apoio financeiro e diplomático para enfraquecer sua liderança e acelerar uma possível transição política.

Em resposta, o governo venezuelano classificou a medida como uma “manobra política grosseira” e uma “propaganda” com fins de desestabilização.

O Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, qualificou publicamente a oferta como “patética”, reafirmando que Nicolás Maduro permanece o líder legítimo da Venezuela e denunciando a ação americana como uma interferência direta na soberania nacional do país.

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