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Marcha nacionalista em Jerusalém é marcada por tumulto entre israelenses e palestinos

Mobilização ocorre por conta do 'Yom Yerushalaim' ('Dia de Jerusalém' em hebraico), onde milhares de israelenses comemoram a ‘reunificação’ da cidade

Marcha nacionalista em Jerusalém é marcada por tumulto (Menahem Kahana/AFP)

Marcha nacionalista em Jerusalém é marcada por tumulto (Menahem Kahana/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 26 de maio de 2025 às 17h35.

Última atualização em 26 de maio de 2025 às 17h47.

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Centenas de israelenses percorreram as ruas de Jerusalém nesta segunda-feira, 26, em uma marcha marcada por tumultos com palestinos. A mobilização ocorre por conta do Yom Yerushalaim (“Dia de Jerusalém” em hebraico), também conhecida como Marcha da Bandeira, onde os israelenses comemoram a "reunificação" da cidade. Na marcha, grupos gritaram "Gaza é nossa", "morte aos árabes" e "que suas aldeias queimem".

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu manter Jerusalém "unificada, indivisível e sob a soberania de Israel".

Em 1967, Israel conquistou e anexou Jerusalém Leste ao final da guerra árabe-israelense, mas a ocupação não foi reconhecida pela comunidade internacional. Os palestinos também querem Jerusalém como sua futura capital.

A cada ano, por conta da comemoração, milhares de israelenses marcham por Jerusalém, terminando no Muro das Lamentações, o local mais sagrado onde os judeus podem rezar.

No entanto, em meio à guerra na Faixa de Gaza, muitos palestinos consideram esta marcha uma provocação. Vários grupos de jovens foram vistos atacando comerciantes palestinos, pedestres e estudantes. Alguns cuspiram em vários transeuntes, proferiram insultos e tentaram entrar à força em residências.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, que participou da marcha, visitou a Esplanada das Mesquitas, um ato que tanto os palestinos quanto os países árabes consideraram uma provocação. Trata-se do terceiro lugar mais sagrado do islã e para os judeus, que se referem a ele como Monte do Templo.

"Subi ao Monte do Templo pelo Dia de Jerusalém e rezei pela vitória na guerra [em Gaza], pelo retorno de todos os nossos reféns (...) Feliz Dia de Jerusalém!", escreveu o ministro no Telegram. Em um discuro no meio da multidão, ele pediu a pena de morte para "terroristas".

Segundo o status quo vigente desde a tomada de Jerusalém oriental por Israel, em 1967, os judeus e seguidores de outras religiões, exceto a muçulmana, não são autorizados a rezar nem a ostentar símbolos religiosos na Esplanada das Mesquitas.

A marcha, segundo o jornal britânico Guardian, já é vista como uma expressão violenta e provocativa do controle judaico sobre Jerusalém, que no passado desencadeou conflitos mais amplos. Em 2021, por exemplo, a violência no mesmo evento ajudou a desencadear uma guerra de 11 dias entre Israel e o Hamas.

Israel emite ordem de retirada em Khan Younis

O Exército de Israel emitiu um alerta de retirada para a população civil na cidade de Khan Younis, no sul do enclave palestino, de onde afirmam ter partido disparos de foguete contra o território israelense. A ordem para retirada ocorre após novos bombardeios israelenses matarem 50 pessoas desde a madrugada desta segunda-feira, segundo a Defesa Civil de Gaza, e um dia após a imprensa israelense detalhar planos do governo para deslocar toda a população palestina para uma área equivalente a apenas 25% do enclave, enquanto os militares tentam ocupar os 75% restantes nos próximos dois meses.

A faixa costeira de Mawasi é um dos três bolsões em que os militares israelenses pretendem manter a população palestina enquanto a nova fase da ofensiva com objetivo de eliminar o grupo terrorista Hamas está em curso, segundo fontes israelenses. Toda a população de Gaza, calculada em cerca de 2,4 milhões antes da guerra, seria confinada em Mawasi (sul), em uma área no centro da Faixa e na Cidade de Gaza, ao norte. Somadas, as três zonas teriam 226 quilômetros quadrados, o equivalente a 25% do território. Os restantes 75% do enclave ficariam sob controle dos militares — que atualmente controlam cerca de 40% do território.

Netanyahu afirmou que a operação "Carruagens de Gideão", em curso há cerca de dez dias, visa derrotar o Hamas e resgatar os reféns mantidos em Gaza. O premier também afirmou que a totalidade da Faixa de Gaza será ocupada pelas forças israelenses e recentemente defendeu o plano de Donald Trump para o enclave — que consistiria no deslocamento da população civil para outros países.

Os planos israelenses ocorrem a contragosto de grande parte da comunidade internacional, que tem aumentado o tom das críticas ao governo em meio ao recrudescimento da ofensiva. A Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, anunciou nesta segunda-feira que, das mais de 50 pessoas mortas em vários bombardeios israelenses, 33 estavam na escola Fami Aljerjawi, na Cidade de Gaza, que era usada como abrigo. O Exército israelense afirmou que "terroristas importantes" estavam na escola e que "tomou várias medidas para mitigar o risco de causar danos à população civil".

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