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Milei vota cercado de apoiadores e com gritos de ‘presidente’

País realiza eleições legislativas neste domingo, que serão importantes para a continuidade de seu governo

Javier Milei, presidente da Argentina, acena ao deixar local de votação, em Buenos Aires (Luis Robayo/AFP)

Javier Milei, presidente da Argentina, acena ao deixar local de votação, em Buenos Aires (Luis Robayo/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 26 de outubro de 2025 às 11h54.

Última atualização em 26 de outubro de 2025 às 12h47.

Buenos Aires - Uma pequena multidão se reuniu na avenida Medrado, em Buenos Aires, para acompanhar o voto do presidente Javier Milei. O país realiza eleições legislativas neste domingo, 26, que serão fundamentais para o destino de seu governo.

Desde meia hora antes, algumas dezenas de pessoas, praticamente todos apoiadores, ficaram nas calçadas perto da Universidade Tecnológica Nacional, em uma região bastante arborizada. Havia apoiadores de diversas idades. Um pai, que não quis dar entrevista, ensinava suas duas filhas pequenas a cantar "Mi-lei". Uma delas estava em seus ombros e procurava enxergar o presidente em meio à multidão.

"O governo anterior não fez quase nada, então é obvio que o choque econômico ia ser grave e que as medidas que se tomaram iam causar um grande efeito, especialmente na população de baixa renda", disse Cielo Segovia, estudante de jornalismo, de 20 anos, que veio com a mãe ver Milei.

"Então, é óbvio que vai ter gente que não vai estar tão de acordo, mas é necessário e se verá no futuro, quando chegarem os resultados", disse Segovia.

Para o taxista Hugo Alaimo, 58 anos, o governo está fazendo as coisas bem "depois de muitos anos". Para ele, o que Milei faz de melhor é "não roubar, baixar o déficit fiscal e baixar a inflação, o mais importante".

Alaimo espera que Milei vença no nível nacional, mas perca na província de Buenos Aires, a mais populosa do país, onde há domínio do peronismo.

Enrolada em uma bandeira da Argentina, a professora aposentada Patrícia, de 59 anos, veio com um cartaz agradecer a Milei por tirar as crianças da pobreza.

"A primeira necessidade é tirar as crianças e famílias da emergência humanitária que vivem, e ele está fazendo isso muito bem", disse.

"Há milhões de garotos a menos na pobreza porque ele baixou o índice de pobreza em 20 pontos em menos de 20 meses. Por isso o apoio", afirmou.

A chegada de Milei

Milei chegou pontualmente às 11h, no horário que havia sido divulgado à imprensa. Ele veio acompanhado de sua irmã, Karina Milei, que chegou em outro carro da comitiva.

A espera dos apoiadores foi recompensada. O presidente cumprimentou e tirou fotos com diversos simpatizantes antes de entrar para votar. Ele ficou cerca de dez minutos dentro da seção e pegou uma pequena fila para votar.

Na saída, parou novamente para saudar os apoiadores, que somavam cerca de 200. Eles alternavam gritos de “presidente” e “Argentina”.

Antes de ir embora, Milei ficou em pé no carro e acenou mais uma vez ao público. Ele partiu sem falar com a imprensa.

Por que as eleições argentinas são importantes

As eleições legislativas de meio de mandato deste domingo, 26, na Argentina, serão decisivas para definir o futuro do governo do presidente Javier Milei. Se seu partido for bem votado, o mercado, os políticos do país e o presidente americano Donald Trump entenderão que ele segue com força para seguir com seus planos. Caso contrário, seu caminho na segunda metade do mandato ficará bem mais difícil.

A votação, que será realizada entre 8h e 18h (mesma hora de Brasília), ocorre após uma campanha cheia de solavancos, como uma disparada do dólar, escândalos de corrupção envolvendo figuras próximas ao governo e negociações com a Casa Branca.

O governo Trump apoia abertamente Milei e liberou um auxílio de US$ 20 bilhões à Argentina, dias antes da eleição. No entanto, fez um alerta: em caso de derrota, os EUA poderão rever o acordo. "Se perder, não seremos generosos", disse o líder americano.

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