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Mísseis guiados, ogivas e 1,3 milhão de soldados: veja o poderio bélico dos EUA contra a Venezuela

Nesta terça-feira, a Casa Branca anunciou que vai usar 'toda a sua força' contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Montagem/Exame)

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Montagem/Exame)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 20 de agosto de 2025 às 17h07.

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O governo dos Estados Unidos provocou um clima de tensão nesta semana por sua movimentação militar na América Latina. A pedido do presidente Donald Trump, cerca de 4 mil soldados e três embarcações de guerra com mísseis guiados foram enviadas à região, com o objetivo de reforçar o combate ao narcotráfico nas proximidades da Venezuela.

A Casa Branca acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar um cartel internacional de tráfico de drogas — incluindo o fentanil, substância que se espalha rapidamente por várias cidades do país, com uma propagação semelhante a uma epidemia — com destino aos Estados Unidos.

Embora um confronto direto entre as nações pareça improvável, Trump busca demonstrar seu empenho no combate ao crime organizado que se expande pela América Latina, e classificou diversos cartéis como organizações terroristas, o que lhe permitiria utilizar as forças armadas em sua operação.

No entanto, Trump não parece querer promover uma mudança de regime na Venezuela, embora existam setores no país que apoiem essa ideia. Mas o cenário pode mudar, se Maduro tomar alguma decisão que o governo Trump veja como ameaça como, por exemplo, tentar anexar a região do Essequibo, que pertence à Guiana. Mas, se as tensões chegarem a um confronto real, a Venezuela estaria em grande desvantagem.

EUA x Venezuela: Quem tem mais força?

Os Estados Unidos ocupam a liderança mundial no quesito poder militar, enquanto a Venezuela está entre as forças de médio porte no continente americano, segundo informações do site Global Firepower, que conta com um ranking que classifica as potências militares do mundo. A lista feita pela plataforma indica que a Venezuela conta com Power Index de 0,8882 — isso significa que se for mais próximo de zero, maior é o poderio militar. Enquanto os EUA têm índice de 0,0712 no ranking, consolidando sua liderança.

O Exército norte-americano conta com 1,3 milhão de soldados ativos e aproximadamente 800 mil na reserva.

No campo aéreo, as forças armadas dos EUA possuem mais de 13 mil aeronaves, sendo que 9.700 estão prontas para combate; em terra, há mais de 4.600 tanques e cerca de 390 mil veículos operacionais; no mar, a potência se expande com 440 ativos navais, incluindo 70 submarinos.

Além disso, os EUA detêm um dos maiores arsenais nucleares do mundo, com 5.177 ogivas, ficando apenas atrás da Rússia, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos (FAS).

Poder militar da Venezuela

Por outro lado, a Venezuela tem aproximadamente 337 mil militares entre ativos e reservas, além das Milícias Bolivarianas, criadas pelo ex-presidente Hugo Chávez — que governo o país entre 1999 e 2013 — para militarizar a população e defendê-la contra uma possível invasão. Maduro já mobilizou cerca de 4,5 milhões de pessoas para essa tarefa, embora esse número seja considerado exagerado.

As Forças Armadas da Venezuela possuem uma frota aérea de 229 aeronaves, sendo que apenas 126 estão em operação; no setor terrestre, há 172 tanques e cerca de 8.800 veículos; e a marinha conta com 34 embarcações.

A maioria dos equipamentos militares venezuelanos é de origem russa e soviética, embora, nos últimos anos, o país tenha buscado suprimentos bélicos da China e do Irã.

Apesar dos recursos limitados, Caracas faz investimentos significativos no setor militar. De acordo com estimativas da CIA, o governo venezuelano destinou 0,6% do PIB à defesa no ano passado.

Como as tensões começaram?

Após a Casa Branca aumentar para US$ 50 milhões a recompensa por pistas que conduzam à captura de Nicolás Maduro, a secretária de Justiça americana, Pam Bondi, revelou que US$ 700 milhões em bens relacionados ao presidente venezuelano foram confiscados.

O governo Trump acusa Maduro de não só infringir as leis antidrogas dos Estados Unidos e tomar o poder na Venezuela de forma antidemocrática, mas também de estar ligado a organizações criminosas como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa. Ele é descrito como o líder do Cartel dos Sóis “há mais de dez anos”.

Nesta terça-feira, 19 de agosto, Karoline Leavitt, porta-voz de Donald Trump, anunciou que o governo dos EUA irá usar “toda a sua força” contra o regime venezuelano. “Maduro não é um líder legítimo. Ele é um fugitivo e o chefe de um cartel narcoterrorista envolvido no tráfico de drogas”, declarou.

No dia anterior, fontes consultadas pela agência Reuters confirmaram que três navios de guerra dos EUA com mísseis guiados estão a caminho da costa venezuelana. Os navios USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, acompanhados por 4 mil marinheiros e fuzileiros navais, têm como missão combater cartéis de drogas considerados organizações terroristas, de acordo com a classificação do governo Trump.

Além das embarcações, aviões espiões P-8, outros navios de guerra e pelo menos um submarino de ataque também integrarão a força na região, realizando operações tanto no ar quanto nas águas internacionais.

Esses ativos podem ser utilizados em diversas operações, incluindo vigilância, coleta de inteligência e até ataques diretos ao solo, segundo uma fonte anônima ouvida pela Reuters.

Em resposta, na segunda-feira, Maduro declarou que a Venezuela “defenderá seus mares, céus e terras” contra a “ameaça absurda e bizarra de um império em declínio”, em referência à movimentação militar dos EUA, sem citar o país diretamente.

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