Mundo

Morales avisa que Áñez violará Constituição se convocar eleições

Governo interino da Bolívia também anunciou que apresentará uma denúncia internacional contra Morales por "crimes contra a humanidade"

Evo Morales x Jeanine Áñez: Não sou um criminoso para estar fora da Bolívia, diz ex-presidente (Montagem/Exame)

Evo Morales x Jeanine Áñez: Não sou um criminoso para estar fora da Bolívia, diz ex-presidente (Montagem/Exame)

E

EFE

Publicado em 20 de novembro de 2019 às 17h35.

Cidade do México - O ex-presidente boliviano Evo Morales, que está asilado no México, expressou nesta quarta-feira apoio às eleições que serão realizadas na Bolívia, mas advertiu que a presidente interina, Jeanine Áñez, violará a Constituição se convocar o pleito por decreto.

"Não me oponho. Se a solução for eleições, que sejam bem-vindas. Mas convocar eleições por decreto é contra a Constituição", disse Morales em entrevista coletiva na Cidade do México.

O político boliviano, que renunciou à presidência há dez dias e está no México desde 12 de novembro, pediu para que tenha o retorno à Bolívia facilitado e afirmou que não tem problemas se não quiserem que seja candidato em eventuais eleições.

Áñez anunciou nesta quarta-feira que nas próximas horas planeja convocar novas eleições por decreto, caso não chegue a um acordo com o Parlamento, onde o partido de Evo Morales tem maioria.

O governo interino da Bolívia também anunciou que apresentará uma denúncia internacional contra Morales por "crimes contra a humanidade", acusando-o de organizar - do México - bloqueios para impedir que alimentos cheguem a várias cidades bolivianas.

"Não sou um criminoso para estar fora da Bolívia. Peço aos facilitadores e mediadores que me permitam entrar lá disposto a ajudar no diálogo", comentou.

Morales disse que ainda é "presidente" porque a Assembléia Legislativa Plurinacional da Bolívia não votou a renúncia, além de ser "presidente eleito" porque, segundo ele, as eleições de 20 de outubro foram vencidas de forma limpa.

No mesmo contexto, Morales deslegitimou o relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) que apontou irregularidades nas eleições nas quais foi reeleito para um quarto mandato consecutivo e advertiu que "há dois ou três relatórios de instituições e órgãos especializados" que confirmam a vitória no primeiro turno.

"Estamos convidando instituições e organizações internacionais, o papa Francisco, a Igreja Católica e outros para criar uma comissão da verdade sobre as eleições de 20 de outubro", revelou Morales.

Morales disse que seu "maior crime" foi "ter nacionalizado os recursos naturais" e acrescentou que seu "projeto de libertação política, social, cultural e econômica demonstrou que há outra maneira de resolver os problemas econômicos e de desenvolvimento da Bolívia".

Além disso, denunciou que, desde que deixou o país, houve "30 mortes a tiros", o que descreveu como um "massacre".

"Estão matando meus irmãos e irmãs na Bolívia", disse o ex-presidente, que mostrou vídeos de vários mortos para a imprensa.

O número de mortes durante os confrontos entre as forças de segurança bolivianas e um grupo de manifestantes em El Alto, a segunda cidade mais populosa do país, subiu para seis, informou a Defensoria do Povo nesta quarta-feira.

Acompanhe tudo sobre:BolíviaMéxicoEvo Morales

Mais de Mundo

Polônia pede sessão urgente do Conselho de Segurança após violação de espaço aéreo

NASA proíbe chineses com visto dos EUA de trabalhar em programas espaciais

Em meio a derrota política, Milei comemora inflação abaixo do esperado na Argentina em agosto: 1,9%

Exército do Nepal pede a turistas que busquem assistência durante toque de recolher