Bruno, cão de resgate: morte cruel por envenenamento causa comoção e mobiliza autoridades na Itália (AFP/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 7 de julho de 2025 às 08h19.
A cruel morte de Bruno, um cão de resgate que salvou nove pessoas e foi condecorado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, com uma isca composta por uma salsicha recheada de pregos, provocou indignação na Itália, onde era considerado um herói.
O sabujo belga, de sete anos de idade, foi encontrado morto na última sexta-feira em uma poça de sangue no centro de treinamento da unidade canina Endas, nos arredores de Taranto, na região de Apúlia, segundo a imprensa local.
Bruno havia participado de dezenas de missões para localizar pessoas desaparecidas e salvado nove pessoas, incluindo idosos com Alzheimer e crianças com deficiência, além de ter colaborado com a Proteção Civil e ter sido condecorado em várias ocasiões, incluindo a que Meloni lhe entregou pessoalmente.
As autoridades judiciais de Taranto já iniciaram uma investigação por morte de animal com agravantes de crueldade e premeditação e estão revisando imagens de câmeras de segurança e coletando depoimentos para localizar o autor.
"O alvo real não era Bruno, era eu", assegurou o tutor do cão, Arcangelo Caressa, diretor técnico nacional e chefe de resgate veterinário, ao explicar que havia recebido ameaças nas últimas semanas por denunciar há anos maus-tratos, tráfico ilegal de animais e brigas clandestinas.
Caressa, treinador de unidades caninas antidrogas e antimotim, garantiu que sabe quem cometeu o atentado e que se tratou de uma represália: "Querem que eu me afaste. Mas não vou desistir nunca. Isso foi feito por dinheiro e por vingança", disse, emocionado com as demonstrações de carinho que recebeu.
"As pessoas que Bruno salvou estão me ligando, chorando. Não conseguem acreditar. Ele fez mais bem do que muitos humanos", declarou seu adestrador com tristeza pela morte daquele que qualificou como "um irmão" para ele.
A deputada e presidente do grupo parlamentar pelos direitos dos animais, Michela Vittoria Brambilla, disse que a morte de Bruno foi "horrível, longa e dolorosíssima" e exigiu a aplicação da lei que pune com até quatro anos de prisão e multas de até 60.000 euros quem assassina animais com crueldade.
A onda de indignação pela morte de Bruno chegou até a primeira-ministra, que classificou o ato como "vil, covarde e inaceitável", assim como o presidente do Senado, Ignazio La Russa, que o definiu como "um ato bárbaro e incivilizado" e pediu às autoridades que esclareçam os fatos.