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O que se sabe até agora sobre o 1º encontro de Trump e Lula nos EUA

Os dois presidentes tiveram primeira conversa nesta quarta-feira na Assembleia Geral da ONU

Donald Trump, presidente dos EUA, durante discurso na ONU (Brendan Smialowski/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, durante discurso na ONU (Brendan Smialowski/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 15h44.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 17h36.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram uma breve conversa, de cerca de 30 segundos, nesta terça-feira, 23, que tem potencial para mudar o rumo da crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos nos últimos meses.

Esta foi a primeira interação direta entre os dois líderes desde a posse de Trump, em janeiro, e desde que o americano passou a pressionar o Brasil a suspender o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em agosto, os EUA impuseram uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros.

"Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós o vimos, e eu o vi, ele me viu e nos abraçamos. Combinamos que nos encontraríamos na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar. Cerca de 20 segundos", disse Trump, durante seu discurso na Assembleia Geral.

"Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem. Ele pareceu um homem muito legal. Na verdade, ele gostou de mim. Eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem gosto. Tivemos uma química excelente. É um bom sinal", completou.

Apesar dos comentários, Trump também fez críticas ao Brasil em seu discurso.

"O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos", afirmou.

Veja a seguir o que se sabe até agora sobre o encontro dos dois presidentes

Onde ocorreu a conversa entre Lula e Trump?

Lula foi o primeiro presidente a discursar na Assembleia Geral da ONU, um encontro anual que reúne líderes de dezenas de países em Nova York. Trump foi o segundo a falar.

Uma tradição da ONU determina que o Brasil sempre faça o primeiro discurso, por ter realizado um papel importante na criação da entidade. Os EUA falam em segundo, por ser o país que sedia o encontro.

Os dois conversaram enquanto Lula saiu do palco e Trump se preparava para entrar. Entre os dois discursos, houve um intervalo ligeiramente maior do que o esperado, em que o palco ficou vazio.

Trump disse que os dois trocaram um abraço e tiveram uma conversa breve, na qual ficaram de combinar uma próxima reunião na semana que vem. O governo brasileiro confirmou a conversa e o interesse na reunião.

O que Lula e Trump conversaram?

O teor inteiro da conversa não foi revelado. Trump disse apenas que os dois combinaram de ter uma reunião na semana que vem e que "gostou" de falar com Lula.

Quando será a nova conversa entre Lula e Trump?

A data da conversa ainda não foi divulgada, pois ainda está sendo negociada.

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, disse que a conversa "será provavelmente por telefone", em entrevista à CNN americana.

Um encontro presencial exigiria maior esforço para conciliar as agendas e várias etapas de preparo.

Segundo o planejamento atual, Lula ficará em Nova York até quarta-feira, 24. Já Trump voltará a Washington na noite desta terça, segundo a Casa Branca.

Por que a conversa entre Lula e Trump é importante?

Nos dois meses, o governo Trump faz uma ofensiva contra o Brasil para forçar a Justiça do país a suspender os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado em 11 de setembro por tentativa de golpe de Estado.

Trump disse várias vezes que o processo é uma "caça às bruxas" e que Moraes age de modo irregular. A ação, no entanto, é julgada segundo as leis brasileiras.

Em 9 de julho, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros, que entrou em vigor em 6 de agosto. Ele disse que a medida era uma resposta às ações do Brasil contra Bolsonaro e a processos judiciais brasileiros contra empresas americanas, entre outras razões.

Desde então, o governo brasileiro busca negociar com a gestão Trump, mas enfrenta dificuldades e não havia conseguido, até agora, estabelecer uma mesa de negociação.

Uma nova conversa direta entre Lula e Trump poderá abrir um novo caminho para que o americano reveja as tarifas e as ações contra o Brasil.

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