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'One Big Beautiful Bill': Senado dos EUA avança megaprojeto fiscal de Trump

O texto inclui cortes bilionários em programas de saúde voltados a idosos e populações de baixa renda, ao mesmo tempo em que direciona US$ 150 bilhões adicionais ao orçamento militar

US President Donald Trump signs legislation relating to household consumer energy policies, in the Oval Office of the White House in Washington, DC, on May 9, 2025. (Photo by SAUL LOEB / AFP) (SAUL LOEB / AFP)

US President Donald Trump signs legislation relating to household consumer energy policies, in the Oval Office of the White House in Washington, DC, on May 9, 2025. (Photo by SAUL LOEB / AFP) (SAUL LOEB / AFP)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 29 de junho de 2025 às 09h04.

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Com 51 votos favoráveis e 49 contrários, o Senado dos Estados Unidos aprovou neste sábado, 29,  o avanço do “One Big Beautiful Bill, proposta que reúne cortes de impostos, ampliação de gastos militares e de imigração, além da redução de programas sociais. Apelidado pelo próprio presidente Donald Trump, o projeto é o carro-chefe da sua agenda legislativa para 2025 — e agora entra em fase final de debate antes de uma possível sanção.

Apesar do placar apertado, a votação processual destrava a tramitação do pacote de quase mil páginas. A expectativa da Casa Branca é que o texto seja aprovado até o feriado de 4 de julho, o Dia da Independência. Para isso, o projeto ainda precisa passar por nova votação no Senado e, depois, retornar à Câmara.

O texto inclui cortes bilionários no Medicaid e no Medicare, os programas de saúde voltados a idosos e populações de baixa renda, ao mesmo tempo em que direciona US$ 150 bilhões adicionais ao orçamento militar. Há também verbas para deportações em massa e para a retomada da construção do muro na fronteira com o México.

A oposição democrata não apenas rejeitou o conteúdo, como impôs um atraso tático: o líder do partido no Senado, Chuck Schumer, exigiu a leitura completa do projeto no plenário, estimada em até 15 horas. Ele classificou a proposta como um “presente aos super-ricos” e alertou para o impacto do endividamento futuro sobre os custos do cidadão comum.

Virada de voto e pressão de Trump

O resultado só foi possível graças a uma reviravolta no voto do senador Ron Johnson, que havia se posicionado contra o projeto até momentos antes do encerramento. Ele foi convencido a mudar de posição após uma rodada de conversas com a liderança republicana — um movimento decisivo que evitou um desempate pelo voto do vice-presidente J.D. Vance.

Trump acompanhou a votação do Salão Oval e telefonou pessoalmente para senadores indecisos, como Josh Hawley e Rick Scott, pressionando pelo apoio final ao texto. Até o sábado de manhã, o presidente jogava golfe com Rand Paul, um dos opositores internos da medida, numa tentativa de convencê-lo. Não funcionou: Paul e Thom Tillis seguiram contrários até o fim.

O esforço de última hora incluiu negociações pontuais: para obter o apoio da senadora Lisa Murkowski, por exemplo, a liderança acrescentou dispositivos que beneficiam diretamente baleeiros do Alasca. As informações são dos sites ABC News e Al Jazeera.

Críticas de dentro e de fora

Mesmo com a vitória processual, o projeto enfrenta resistência dentro da própria base republicana. Os cortes no Medicaid preocupam parlamentares de estados com alta dependência do programa, e analistas calculam que até 8,6 milhões de americanos podem perder acesso à saúde se o texto for aprovado integralmente.

Além disso, o projeto tem baixa aprovação em pesquisas entre eleitores de diferentes faixas de renda e idade. A crítica mais contundente veio do bilionário Elon Musk, que classificou o pacote como “insano e destrutivo” para a economia americana. “Isso é suicídio político para o Partido Republicano”, escreveu no X, antigo Twitter.

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Já Trump comemorou o resultado na rede social Truth Social. "Esta noite, vimos uma GRANDE VITÓRIA no Senado (...), mas isso não teria acontecido sem o trabalho fantástico do Senador Rick Scott, do Senador Mike Lee, do Senador Ron Johnson e da Senadora Cynthia Lummis", escreveu o presidente.

"Eles, juntamente com todos os outros patriotas republicanos que votaram a favor do projeto de lei, são pessoas que realmente amam o nosso país! (...) "MUITO ORGULHOSO DO PARTIDO REPUBLICANO ESTA NOITE. QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!", diz a publicação.

O que vem a seguir?

A votação final no Senado pode acontecer já nesta segunda-feira, 1. Caso passe, a proposta retorna à Câmara, onde os republicanos têm maioria apertada e ainda enfrentam dissidências.

 

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