Irã: Vista aérea da instalação nuclear de Fordow. (Satellite image ©2025 Maxar Technologies / AFP)
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Publicado em 4 de julho de 2025 às 10h36.
A agência de vigilância atômica da ONU retirou os últimos inspetores que permaneciam no Irã. A decisão ocorreu após o país criminalizar, em lei, o monitoramento internacional nas instalações nucleares.
Os profissionais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foram retirados em segurança de Teerã e levados à sede da entidade, em Viena. A informação foi divulgada pela agência Bloomberg, que conversou com um diplomata ocidental que solicitou anonimato à reportagem.
Pela primeira vez desde o início do enriquecimento de urânio no Irã, há duas décadas, o programa fica sem os monitores da agência, responsáveis por realizar quase 500 inspeções no país em 2024.
Ainda segundo a reportagem, 274 inspetores eram credenciados e responsáveis por fiscalizar a localização e as condições de uma reserva estimada em 409 quilos de urânio - quantidade muito próxima do necessário para a produção de uma bomba atômica. Agora, o status do programa nuclear de Teerã é desconhecido.
Anteriormente, o Irã acusou a AIEA de colaborar com o ataque de Israel às suas instalações nucleares. A entidade negou as informações. Segundo a reportagem, um representante iraniano em Viena afirmou que as ofensivas provocaram danos irreparáveis ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP): acordo internacional que garante o acesso a tecnologias nucleares pacíficas a países que não possuem armas nucleares, em troca de inspeções da AIEA.
Apesar de ainda não ter saído oficialmente do tratado, Teerã poderia justificar ter respaldo legal para suspender o monitoramento, alegando que teve seus direitos violados no ataque. Segundo a Bloomberg, é amplamente reconhecido no direito internacional que ataques a instalações nucleares violam normas legais.
Durante um período de cessar-fogo delicado entre Irã e Israel, a aceitação ou não dos argumentos pode influenciar diretamente a paz entre as duas nações. Os combates foram interrompidos em 24 de junho, após 12 dias, mas nenhum dos lados descartou retomar as hostilidades.