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Sessão da Cúpula de Líderes da COP30, em Belém (Ricardo Stuckert/PR)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 11h48.
Última atualização em 7 de novembro de 2025 às 12h16.
Belém - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em discurso na Cúpula de Líderes da COP30, que os países em desenvolvimento usem os recursos provenientes da exploração do petróleo para custear a transição energética.
"Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento", afirmou Lula, na manhã desta sexta-feira, 7.
"Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda o acesso a tecnologias e financiamento para os países do Sul Global", disse Lula.
"Há espaço para explorar mecanismos inovadores de troca de dívida por financiamento de iniciativas de mitigação climática e transição energética", afirmou.
Em seguida, Lula defendeu três compromissos centrais: implementar o acordo de Dubai de triplicar a energia renovável e de dobrar a eficiência energética até 2030, colocar a eliminação da pobreza energética no centro do debate e incluir metas de cocção limpa e de acesso à eletricidade e, em terceiro, a adesão dos países ao Compromisso de Belém para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.
"É fundamental combater todas as formas de pobreza energética. 2 bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar. 660 milhões de pessoas dependem de lamparinas ou de geradores a diesel nas periferias das grandes cidades e nas comunidades rurais da América Latina, da África e da Ásia. Sem energia, também não há conexão digital, hospitais funcionando ou agricultura moderna", disse Lula.
O líder brasileiro defendeu, ainda, que os países em desenvolvimento participem "de todas as etapas" das cadeias de valor dos minerais críticos. Ou seja: que eles também façam o refinamento dos materiais, e não sejam apenas exportadores de matérias-primas.
"A transição energética representa um novo paradigma de desenvolvimento e uma grande oportunidade para promover transformações estruturais na sociedade e na economia. Em 2023, o setor foi responsável por 10% do crescimento do PIB global e empregou 35 milhões de pessoas", afirmou.
O Brasil tem sido questionado pelos planos de explorar petróleo no oceano na Margem Equatorial, que fica próximo da Amazônia. Semanas antes da COP30, o Ibama deu aval para a Petrobras iniciar a pesquisa de petróleo na área, a 175 km da costa. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a região poderá ter reservas de até 5,1 bilhões de barris de petróleo, o que aumentaria as reservas do país em mais de 50%. A exploração, porém, é criticada por ambientalistas, preocupados com possíveis impactos ambientais.
"Já sabemos que não é preciso desligar máquinas e motores, nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro. A ciência e a tecnologia nos permitem evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas", disse Lula.
O presidente destacou que o uso de renováveis triplicou nos últimos dez anos e que, no primeiro semestre de 2025, a energia renovável se tornou a maior fonte individual de geração de eletricidade no mundo, ultrapassando o carvão.
Em seu discurso, Lula também destacou o avanço da energia verde no Brasil, ressaltando que o país é pioneiro no uso de etanol como combustível e de motores flex para os automóveis.
"Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel. O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção nos setores mais desafiadores, como a indústria e os transportes', afirmou.
"É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a Organização Marítima Internacional a adiar esse passo", disse.
No começo do discurso fez uma brincadeira no começo do evento. "Já que não tem apresentador, eu apresento a mim mesmo. Sou Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil", afirmou.
Lula fez a fala de abertura da segunda sessão temática da Cúpula de Líderes da COP30, na manhã desta sexta-feira, 7, sobre transição energética.
A Cúpula de Líderes termina nesta sexta-feira. De tarde, haverá outra sessão temática, sobre os dez anos do Acordo de Paris.