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"Por que é diferente em El Salvador?", diz presidente Bukele sobre reeleição indefinida

"90% dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida de seu chefe de governo, e ninguém se incomoda", escreveu no X

"Aqui é onde anos de manipulação constitucional gradual nos levam: ao desmantelamento da democracia", disse Bukele no X  (Oscar Rivera/AFP)

"Aqui é onde anos de manipulação constitucional gradual nos levam: ao desmantelamento da democracia", disse Bukele no X (Oscar Rivera/AFP)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 3 de agosto de 2025 às 19h21.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, defendeu neste domingo, 3, a reeleição imediata, após o Congresso do país reformar a Constituição para permiti-la, e afirmou que "90% dos países desenvolvidos permitem" a reeleição indefinida.

"90% dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida de seu chefe de governo, e ninguém se incomoda", escreveu no X, e indicou que "mas quando um país pequeno e pobre como El Salvador tenta fazer o mesmo, de repente se transforma no fim da democracia".

Além disso, afirmou que "se El Salvador se declarasse uma monarquia parlamentar com as mesmas regras do Reino Unido, Espanha ou Dinamarca, ainda assim não a apoiariam. Na verdade, ficariam furiosos se isso acontecesse".

A Assembleia Legislativa, dominada pelo partido Novas Ideias (NI), aprovou e ratificou, em uma única sessão no dia 31 de julho, sem análise prévia nem debate, a reforma dos artigos 75, 80, 133, 152 e 154 da Constituição.

Com o que foi aprovado no Congresso salvadorenho, o presidente Bukele tem caminho livre para buscar um terceiro mandato consecutivo. No entanto, até o momento, o mandatário não tornou públicas suas intenções de se candidatar.

Os aliados de Bukele no Congresso também reformaram a Constituição para que o mandato presidencial passe a ter seis anos — antes era de cinco — e eliminaram o segundo turno eleitoral.

Para Juanita Goebertus, diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch (HRW), o partido governista Novas Ideias, do presidente Bukele, "está trilhando o mesmo caminho da Venezuela" ao promover uma reforma constitucional que permite a reeleição presidencial indefinida.

Enquanto isso, o Escritório de Assuntos Latino-Americanos de Washington (WOLA) condenou na sexta-feira o que considera "uma flagrante manipulação da constituição de El Salvador", que "elimina os limites ao mandato presidencial, concedendo a Bukele reeleições ilimitadas e mandatos de 6 anos".

"Aqui é onde anos de manipulação constitucional gradual nos levam: ao desmantelamento da democracia", apontou em uma mensagem no X.

A organização civil Acción Ciudadana expôs em um comunicado divulgado na sexta-feira que "permitir a reeleição presidencial indefinida e estender o período de exercício do cargo não busca dar poder ao povo, nem economizar fundos públicos; ao contrário, seu objetivo real é perpetuar o presidente no poder".

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