Mundo

Presidente de El Salvador defende prisão de 1,5% da população em meio a críticas internacionais

Presidente recrudesceu as operações contra os grupos criminosos diante de uma suposta tentativa de reorganização

Política de segurança de Bukele: encarceramento em massa e críticas sobre direitos humanos no combate às gangues em El Salvador. (MARVIN RECINOS/AFP)

Política de segurança de Bukele: encarceramento em massa e críticas sobre direitos humanos no combate às gangues em El Salvador. (MARVIN RECINOS/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 30 de junho de 2025 às 15h53.

Última atualização em 30 de junho de 2025 às 17h01.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, se defendeu das críticas à sua política de segurança, que resultou no encarceramento de cerca de 1,5% da população do país. Em uma publicação em sua conta na rede social X, Bukele ironizou as queixas de organizações de direitos humanos, justificando que o preço para reduzir a criminalidade em 98% foi a prisão de aproximadamente 87 mil pessoas, sendo a maioria acusada de envolvimento com gangues.

"Estamos encarcerando 1,5% da nossa população... (Mais da metade está em reabilitação e será solta em alguns anos)", escreveu o presidente ao lado de uma imagem do supervilão Thanos, do universo Marvel, com a legenda indicando que este é o preço da segurança no país. Segundo o governo, a política anticrime foi um sucesso, resultando em uma redução significativa da taxa de homicídios, de 106 por 100 mil habitantes em 2015 para 1,9 em 2024.

Denúncias de abusos e apoio à política anticrime

A política de segurança de Bukele, que incluiu decretos de estado de emergência e prisões sem mandado, foi alvo de protestos internacionais. Em Paris, durante a Semana da Moda, um desfile de Willy Chavarría retratou homens com tatuagens, ajoelhados em uma postura semelhante à dos presos no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), em El Salvador, símbolo da repressão promovida pelo governo. Bukele respondeu ao protesto com ironia, dizendo que seu governo estava pronto para enviar os criminosos para Paris "assim que tivermos sinal verde do governo francês".

Organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), denunciam que as prisões de membros de gangues muitas vezes resultaram em abusos, como torturas e mortes nas prisões, o que tem gerado uma crescente tensão entre os defensores dos direitos fundamentais e o governo. De acordo com a HRW, El Salvador tem cerca de 108 mil pessoas presas, representando aproximadamente 1,7% da população.

Em antigas áreas dominadas por gangues, como a região de Ilopango, moradores relatam que a violência diminuiu, mas ainda há medo do retorno das práticas criminosas. Bukele, no entanto, mantém sua estratégia de confronto direto com as gangues, como evidenciado por sua recente ordem para cercar a região com 2 mil soldados após relatos de uma tentativa de reorganização dos grupos criminosos.

Para os moradores de áreas como a Colônia 10 de Outubro, que já foram dominadas por facções como MS-13 e Barrio 18, a vida melhorou, mas os resquícios de violência ainda permanecem presentes. Esperanza Martínez, moradora da região, recorda que sua família foi vítima da violência das gangues, com a morte de sua sobrinha e outros membros da família, em meio à ordem de "ver, ouvir e ficar quieto" para não se envolver.

O governo de Bukele, que tomou medidas drásticas contra as gangues e sua influência no país, continua a enfrentar críticas pela forma como a política tem sido conduzida, com uma crescente pressão sobre a questão dos direitos humanos no país.

Acompanhe tudo sobre:El SalvadorCrise políticaPolíticaPrisões

Mais de Mundo

Justiça determina que Argentina entregue sua participação de 51% na petroleira estatal YPF

Loteria da Noruega se envolve em escândalo após relatar prêmios milionários por engano

Investigação do governo Trump diz que Harvard violou direitos de estudantes judeus

Cidadania italiana: Suprema Corte pode reverter decreto que restringiu direito de descendentes