Mundo

Presidente francês reitera objetivos orçamentários

Dessa forma, François Hollande desautorizou, implicitamente, três ministros de seu governo que questionaram a austeridade


	O presidente francês, em entrevista coletiva no Palácio do Eliseu: "nenhum ministro pode questionar a política levada adiante, que não é de austeridade", disse (Patrick Kovarik/AFP)

O presidente francês, em entrevista coletiva no Palácio do Eliseu: "nenhum ministro pode questionar a política levada adiante, que não é de austeridade", disse (Patrick Kovarik/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 11h35.

O presidente francês, François Hollande, reiterou nesta quarta-feira seus objetivos de redução do déficit orçamentário e de crescimento, desautorizando, implicitamente, três ministros de seu governo que questionaram a austeridade.

"A seriedade é o rumo, o objetivo é o crescimento", disse o presidente em declarações feitas no fim do Conselho de Ministros, durante as quais anunciou uma série de medidas para lutar contra a delinquência econômica.

"Nenhum ministro pode questionar a política levada adiante, que não é de austeridade", acrescentou.

Três de seus ministros, os socialistas Arnaud Montebourg e Benoit Hamon e a ecologista Cécile Duflot, fizeram declarações nas últimas horas para se distanciar da política de rigor orçamentário, cujo objetivo é reduzir o déficit público a 3% em 2014.

O ministro da Recuperação produtiva (Indústria), Arnaud Montebourg, disse em uma entrevista ao jornal Le Monde que "a seriedade orçamentária, se mata o crescimento, deixa de ser seriedade e passa a ser algo absurdo e perigoso".

Segundo Montebourg, "chegou a hora de abrir um debate sobre esta política que conduz à derrocada da União" Europeia.


Segundo pessoas próximas, o ministro está convencido de que a resposta à atual crise política - desencadeada na França pelo escândalo da conta secreta na Suíça do ex-ministro do orçamento Jérôme Cahuzac -, "deve ser política, e não apenas ética".

A ministra de Habitação, Cécile Duflot, opinou em uma entrevista ao Mediapart que adotar medidas exclusivamente éticas ou técnicas contra a fraude fiscal não são uma resposta suficiente à crise política.

"A crise política que vivemos teve um desencadeador circunstancial: a revelação das mentiras e das ações de Jerome Cahuzac. Mas as raízes da crise são mais profundas: uma crise econômica e social forte e um importante estímulo reacionário", acrescentou. "Não se pode considerar que passar o cepilho de carpinteiro em todos seja um bom método político".

Segundo uma fonte próxima a um dos dois ministros, "Cahuzac representava a austeridade, já não se pode exigir que as pessoas apertem os cintos e sigam aplicando esta mesma política de austeridade".

Acompanhe tudo sobre:Países ricosEuropaFrançaCrises em empresasOrçamento federal

Mais de Mundo

Trump e Putin dizem ter avançado em conversas, mas não anunciam medidas em encontro no Alasca

Decisão poupa Argentina de entregar ações da YPF enquanto recursos não forem resolvidos

Governo Trump cria 'lista de lealdade' e classifica empresas por apoio a seu pacote fiscal

Avião B-2, modelo usado em ataque no Irã, passa perto de Putin em encontro com Trump; assista