Mundo

Primeiro-ministro japonês promete permanecer no cargo apesar da derrota eleitoral

Os deputados, irritados com a inflação, optaram por outros partidos, como o Sanseito, com a sua mensagem de “Japão em primeiro lugar”

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, participa de uma coletiva de imprensa na sede do Partido Liberal Democrata (PLD), em Tóquio, em 21 de julho de 2025 ( Philip FONG / POOL / AFP)

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, participa de uma coletiva de imprensa na sede do Partido Liberal Democrata (PLD), em Tóquio, em 21 de julho de 2025 ( Philip FONG / POOL / AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 21 de julho de 2025 às 07h12.

Última atualização em 21 de julho de 2025 às 07h22.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou nesta segunda-feira, 21, que permanecerá no cargo apesar da derrota de sua coalizão de governo nas eleições para o Senado, nas quais perdeu a maioria.

O Partido Liberal Democrático (PLD), que governa o Japão de modo quase ininterrupto desde 1955, e seu aliado Komeito primeiro ganharam 50 das 125 cadeiras na disputa no domingo, mas conseguiram apenas 47.

A Câmara Alta tem 248 senadores. Como resultado, o PLD e Komeito têm agora 122 cadeiras e estão em minoria nas duas câmaras do Parlamento.

Os deputados, irritados com a inflação, optaram por outros partidos, em particular Sanseito, com a sua mensagem de “Japão em primeiro lugar” que lembra a agenda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Acho que (o PLD) deveria ter perdido ainda mais”, declarou à AFP Kazuyo Nanasawa, 25 anos, que votou em um pequeno partido conservador.

Nanasawa afirmou que Ishiba deveria renunciar.

A derrota nas urnas aconteceu poucos meses após uma coalizão de Ishiba ter ficado em minoria na Câmara dos Deputados, que tem mais poderes, em uma eleição que registrou o pior resultado para o PLD em 15 anos.

Mudanças no ambiente externo

Ao ser questionado na noite de domingo se pretendia permanecer no cargo, Ishiba respondeu “sim”.

“As mudanças no ambiente externo, como a situação internacional ou os desastres naturais, não podem esperar que uma situação política melhore”, declarou Ishiba nesta segunda-feira em uma entrevista coletiva.

“Por esta razão, embora tenha muita consciência da nossa grave responsabilidade pelos resultados eleitorais, (...) acredito que devo cumprir minha responsabilidade como o partido com mais votos e com a população do país, ouvindo de maneira cuidadosa e sincera as vozes do povo”, afirmou.

O chefe de Governo deve informar os dirigentes do seu partido sobre a segunda intenção de permanecer no poder, a agência Jiji Press.

Ishiba é auxiliado pelo fato de que a oposição é fragmentada e há poucas possibilidades de formar um governo alternativo, explica Hidehiro Yamamoto, professor de Sociologia e Política da Universidade de Tsukuba.

Para o analista, é provável que Ishiba continue buscando apoio da oposição para aprovar leis caso a caso.

Takeshi Nemoto, um eleitor do PLD de 80 anos, atualmente que uma disputa por um novo líder seria “uma batalha perdida” para o partido e complicaria ainda mais as negociações sobre tarifas com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Japão, que passou anos com preços estagnados ou em queda, começou a sentir uma inflação após a invasão russa da Ucrânia em 2022.

Os preços do arroz, em particular, dobraram, o que afetou o orçamento de muitas famílias.

A situação ficou ainda mais complicada devido à ameaça de uma tarifa americana de 25% caso um acordo com Washington não seja alcançado até 1º de agosto.

A indústria automotiva japonesa, responsável por 8% dos empregos do país, já enfrentou uma tarifa americana de 25%.

Acompanhe tudo sobre:JapãoEleiçõesDonald TrumpArroz

Mais de Mundo

Operação de imigração nos EUA detém 475 pessoas em fábrica da Hyundai na Geórgia

Trump assina ordem executiva para renomear Departamento de Defesa como Departamento da Guerra

Múcio diz esperar que fronteira não vire 'trincheira' ao tratar da tensão entre EUA e Venezuela

Governo dos EUA pede a mais de 250 mil venezuelanos que se preparem para deixar o país em novembro