Nicolás Maduro: presidente da Venezuela anunciou mobilização da 'Milícia' durante escalada em disputa com os Estados Unidos. (Pedro Mattey/AFP)
Repórter
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 07h06.
Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 07h07.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em resposta ao que classificou como “ameaças” dos Estados Unidos. A medida ocorre após Washington elevar a recompensa por informações que levem à captura do líder venezuelano e lançar uma operação antidrogas com militares no Caribe.
Durante ato transmitido pela TV estatal, Maduro afirmou que colocará em prática um “plano especial” para fortalecer a segurança do país.
“Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de milicianos, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas”, declarou o presidente, ao ordenar novas “tarefas” diante do que chamou de renovação das pressões dos EUA.
A Milícia venezuelana foi criada pelo ex-presidente Hugo Chávez e, segundo dados oficiais, reúne cerca de 5 milhões de reservistas. Atualmente, é considerada um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), atuando como braço de apoio militar e político ao governo.
No discurso, Maduro agradeceu as manifestações de solidariedade diante do que chamou de “repetição podre” das ameaças externas. Ele ressaltou o respaldo das Forças Armadas e pediu às bases políticas do chavismo que intensifiquem a criação de milícias camponesas e operárias em fábricas e comunidades rurais.
“Os primeiros a manifestar solidariedade e apoio a este presidente trabalhador que aqui está foram os militares desta pátria”, afirmou. “Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela. Mísseis e fuzis para a classe operária, para que defenda a nossa pátria!”.
A crise entre Venezuela e Estados Unidos ganhou novo capítulo após Washington dobrar a recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro, de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões (cerca de R$ 271 milhões). A procuradora-geral americana, Pam Bondi, acusou o presidente de ser “um dos maiores narcotraficantes do mundo”, afirmando que ele teria vínculos com o cartel de Sinaloa, no México, e com o grupo venezuelano Trem de Arágua.
Segundo Bondi, a DEA apreendeu 30 toneladas de cocaína ligadas a Maduro e seus aliados, sendo 7 toneladas associadas diretamente ao líder chavista. O governo venezuelano reagiu classificando as denúncias como “propaganda política”, enquanto a presidente do México, Claudia Sheinbaum, declarou não haver provas que confirmem a ligação de Maduro com o cartel mexicano.
No início do mês, o presidente Donald Trump renovou a licença da petroleira Chevron para operar na Venezuela, em troca da libertação de dez cidadãos americanos presos no país. Analistas apontam que os EUA não buscam mais uma mudança de regime imediata, mas adotam uma abordagem “transacional”, mantendo negociações que envolvem petróleo, sanções e presos políticos.
*Com informações da AFP