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Publicado em 5 de junho de 2025 às 08h51.
O governo japonês divulgou dados alarmantes: em 2024, o Japão registrou 686.061 nascimentos no país, uma queda de 5,7% em relação à 2023 e o menor índice dede 1899, quando o país iniciou os registros.
A taxa de fertilidade também caiu para 1,15 contra 1,20 de 2023, segundo informações do Ministério da Saúde. Para ocorrer a reposição nacional, a taxa deveria estar muito maior: 2,1.
Além disso, o Japão também registrou uma alta de mortes no país, batendo cerca de 1,6 milhões no ano — uma alta de 1,9% em relação a 2023, segundo o jornal The Guardian.
Em paralelo à queda no número de nascimentos, o Japão registrou um aumento no número de mortes, que chegou a 1,6 milhão em 2024, marcando uma alta de 1,9% em relação ao ano anterior.
Esse cenário agrava ainda mais a situação demográfica, com um número de mortes crescente e uma população cada vez mais envelhecida.
Embora o número de casamentos tenha aumentado para 480.063 em 2024, um aumento de 10.322 em relação ao ano anterior, esse crescimento não tem sido suficiente para reverter a queda na natalidade.
Os números de matrimônio são um indicador importante da disposição das pessoas para ter filhos, e o aumento no número de casamentos, embora positivo, não reflete uma mudança significativa no desejo por filhos. A questão está profundamente enraizada nas dificuldades econômicas e sociais que impedem a formação de famílias maiores.
O Japão vive um momento crítico, com as previsões indicando uma queda populacional acentuada. Se a tendência de queda se mantiver, a população do país, hoje estimada em 124 milhões de pessoas, poderá cair para 87 milhões até 2070. Nesse cenário, 40% da população será composta por pessoas com 65 anos ou mais.
Este encolhimento e envelhecimento populacional trazem sérios impactos, principalmente em um contexto geopolítico e econômico cada vez mais desafiador, com o Japão buscando reforçar seu poder militar diante de ameaças externas, como as da China e da Coreia do Norte.
O primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que descreveu a situação demográfica como uma "emergência silenciosa", apresentou um pacote de medidas para tentar aumentar a taxa de natalidade.
As propostas incluem ampliação do auxílio infantil, ensino médio gratuito e licença parental simultânea com 100% da remuneração líquida garantida. No entanto, apesar dessas iniciativas, ainda não há resultados significativos no combate à queda da natalidade.
A crise demográfica do Japão não pode ser atribuída apenas à falta de políticas de incentivo à natalidade.
Muitos jovens japoneses estão adiando ou até mesmo desistindo do casamento e da criação de filhos devido a fatores como a instabilidade no mercado de trabalho, o custo de vida elevado e uma cultura corporativa que dificulta a conciliação entre maternidade e carreira.
A pesquisa da Fundação Nippon, realizada em 2023, revelou que apenas 16,5% dos jovens entre 17 e 19 anos acreditam que irão se casar, apesar de uma parcela maior afirmar que gostaria de fazê-lo.
O Japão se encontra em uma encruzilhada. O número de nascimentos tem diminuído de forma contínua desde o segundo "baby boom" em 1973.
Em 2016, o país registrou menos de 1 milhão de nascimentos, e em 2022, o número caiu para abaixo de 800 mil.
A expectativa é que, se essa tendência continuar, o Japão enfrentará uma crise econômica e social sem precedentes nas próximas décadas. O impacto desse declínio populacional será sentido não apenas na economia, mas também nas forças de trabalho e nas políticas de segurança nacional.