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Reino Unido comprará 12 caças F-35A com capacidade nuclear; medida é vista para agradar Trump

Anúncio coincide com a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte em Haia, onde os membros da aliança devem assinar uma nova meta ambiciosa de gastos com defesa de 5% do PIB

Um jato militar Lockheed Martin F-35A Lightning II da Força Aérea dos EUA no Paris Air Show, em Paris. (Mustafa Yalcin/Anadolu/Getty Images)

Um jato militar Lockheed Martin F-35A Lightning II da Força Aérea dos EUA no Paris Air Show, em Paris. (Mustafa Yalcin/Anadolu/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 24 de junho de 2025 às 20h07.

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O Reino Unido anunciou nesta terça-feira, 24, que comprará pelo menos 12 novos caças F-35A de fabricação americana, capazes de transportar armas nucleares, na mais recente tentativa do primeiro-ministro Keir Starmer de conquistar o presidente Donald Trump.

Os jatos produzidos pela Lockheed Martin Corp. darão à Força Aérea Real um papel nuclear pela primeira vez desde que a Grã-Bretanha aposentou suas armas atômicas soberanas lançadas do ar no final da Guerra Fria. Atualmente, a dissuasão estratégica do Reino Unido deriva da implantação contínua de pelo menos um submarino com armas nucleares patrulhando os mares ao redor do país, segundo a Bloomberg.

O anúncio coincide com a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte em Haia, onde os membros da aliança devem assinar uma nova meta ambiciosa de gastos com defesa de 5% do PIB. A medida visa apaziguar o presidente dos EUA, que frequentemente critica os países europeus por gastarem pouco em segurança.

"Em uma era de incerteza radical, não podemos mais considerar a paz garantida", disse Starmer em um comunicado na noite de terça-feira em Haia. “O compromisso do Reino Unido com a OTAN é inquestionável, assim como a contribuição da Aliança para manter o Reino Unido seguro e protegido, mas todos devemos nos empenhar para proteger a área Euro-Atlântica para as próximas gerações.”

No entanto, o comunicado não indicou quanto o Reino Unido planeja gastar com a aeronave ou quando os primeiros jatos devem ser entregues.

O acordo será visto como um gesto de boa vontade para com Trump e a continuação da abordagem de Starmer de tentar capitalizar os laços tradicionalmente fortes entre o Reino Unido e os EUA.

Essa estratégia teve resultados mistos até agora. Trump recusou os pedidos britânicos e europeus de sanções americanas mais duras contra a Rússia por sua invasão da Ucrânia há mais de três anos. Ele também ignorou os apelos públicos de Starmer por uma redução da tensão no Irã, lançando ataques aéreos contra as instalações nucleares do país no fim de semana.

Estratégias de defesa

A capacidade da Europa de se defender está em foco depois que Trump, mais uma vez, questionou sua disposição de honrar o Artigo 5 da OTAN, que compromete a aliança com a defesa mútua e tem sido a pedra angular da segurança transatlântica por décadas.

Esse tipo de comentário e a crescente ameaça do presidente russo, Vladimir Putin, levaram os países europeus a repensar suas políticas de defesa nos últimos meses.

O acordo mais recente também permitirá que o Reino Unido retorne à missão nuclear de aeronaves de dupla capacidade da OTAN após a aquisição dos jatos. O F-35A é um caça furtivo capaz de transportar a bomba termonuclear gravitacional B61-12, uma arma nuclear tática que carrega uma ogiva de baixo rendimento.

Além disso, o Reino Unido está renovando seu atual sistema de dissuasão nuclear Trident, investindo 15 bilhões de libras (US$ 20,4 bilhões) em ogivas nucleares e construindo até 12 novos submarinos como parte da parceria de defesa AUKUS com a Austrália e os EUA.

Promover discussões com os Estados Unidos sobre a possibilidade de assumir uma parcela maior do ônus da dissuasão nuclear da OTAN foi uma das principais recomendações da Revisão Estratégica de Defesa do governo, publicada no início deste mês. O documento estabeleceu planos para uma reformulação das Forças Armadas britânicas a fim de colocá-las em condições de guerra.

O gabinete de Starmer afirmou que 15% da cadeia global de suprimentos dos novos jatos F-35A estaria no Reino Unido, gerando 20.000 empregos.

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