Redação Exame
Publicado em 23 de outubro de 2025 às 15h40.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, chegou a Israel nesta quinta-feira, 23, para consolidar o cessar-fogo na Faixa de Gaza costurado por Washington e outros atores importantes do Oriente Médio, como Egito e Catar na semana passada. Antes da viagem, o chefe da diplomacia americana criticou o projeto de anexação da Cisjordânia, pois isso "ameaçaria" a trégua em Gaza.
"Não é algo que possamos apoiar no momento", ressaltou Rubio.
O secretário de Estado, no entanto, se mostra confiante na estratégia norte-americana. "Nos sentimos confiantes e positivos em relação aos progressos realizados. Estamos lúcidos diante dos desafios", disse Rubio em uma breve declaração à imprensa ao lado do premiê israelense Benjamin Netanyahu.
A visita a Israel sucede à do vice-presidente americano, JD Vance, que também criticou os planos de anexação nesta quarta-feira, 22.
"A política da administração Trump é de que a Cisjordânia não será anexada por Israel e esta seguirá sendo a nossa política", ressaltou. "Caso tenha se tratado de uma manobra política, foi uma manobra política muito estúpida, e eu pessoalmente o considero um insulto", reforçou.
Em entrevista realizada à revista Time em 15 de outubro, Donald Trump alertou que Israel perderia todo o apoio dos Estados Unidos se prosseguisse com planos de expansão territorial.
Ao ser perguntado sobre a anexação da Cisjordânia por Israel, Trump afirmou: "Isso não vai acontecer. Não vai acontecer porque eu dei a minha palavra aos países árabes. E eles [Israel] não podem fazer isso agora. Tivemos grande apoio árabe."
Os projetos de anexação são apoiados pela direita radical israelense, da qual depende a coalizão de Netanyahu.
Nesta quinta-feira, seu gabinete qualificou o voto do Parlamento como uma "provocação deliberada da oposição" e disse que buscava "semear a discórdia durante a visita do vice-presidente JD Vance a Israel".
Vários países árabes e muçulmanos, entre eles a Arábia Saudita, condenaram, em um comunicado conjunto, a análise pelo Parlamento israelense dos projetos de lei que buscam ampliar a soberania de Israel na Cisjordânia.
A trégua parecia em risco no domingo após confrontos em Gaza e acusações mútuas de violações do pacto.
Após se reunir com Netanyahu na quarta-feira, Vance reconheceu que os próximos passos do acordo, entre os quais se incluem o desarmamento do Hamas e a reconstrução de Gaza, seriam "muito difíceis".
"Temos diante de nós uma tarefa muito, muito difícil, que é desarmar o Hamas e reconstruir Gaza, melhorar a vida da população de Gaza, mas também garantir que o Hamas deixe de ser uma ameaça para nossos amigos em Israel", assegurou Vance.