Lisa Cook e Donald Trump: economista processa presidente após acusações de fraude hipotecária, que ela nega (Saul Loeb e Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
Repórter
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 15h16.
A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quarta-feira, 1º, que Lisa Cook permanecerá no cargo de diretora do Federal Reserve (Fed) até que sejam realizadas, em janeiro, as audiências sobre a legalidade da tentativa do presidente Donald Trump de destituí-la.
A decisão adia um afastamento imediato e amplia o debate sobre até onde vai a independência do banco central americano frente ao poder da Casa Branca.
Trump tenta demitir Cook desde agosto, sob a alegação de que ela teria fornecido informações falsas em pedidos de hipoteca para obter condições melhores de crédito.
Cook nega as acusações e entrou com ação contra a medida, alegando que não teve direito de defesa adequado. Ela sustenta que o presidente usa o caso como pretexto para abrir vaga a um aliado que compartilhe sua pressão por cortes mais agressivos nos juros americanos.
Todos os ex-presidentes do Fed ainda vivos — Alan Greenspan, Ben Bernanke e Janet Yellen — se uniram a ex-secretários do Tesouro em apoio à Cook. Eles disseram aos juízes da Suprema Corte que a diretora deveria continuar no cargo até que seu caso fosse analisado, para garantir a estabilidade da autoridade monetária americana.
O governo argumenta que a lei que criou o banco central permite ao presidente destituir diretores “por justa causa” e que as supostas irregularidades em documentos de Cook configuram motivo suficiente.
Os advogados de Cook defendem que aceitar as justificativas de Trump para demiti-la “destruiria a independência de longa data do Federal Reserve ", perturbaria os mercados financeiros e abriria um precedente para que presidentes possam interferir na autoridade monetária.
Essa é a primeira vez nos 111 anos de história do Fed que um presidente americano tenta demitir um diretor do banco central.
Instâncias inferiores já haviam suspendido a demissão por entender que Trump não demonstrou justa causa, já que os fatos alegados ocorreram antes do mandato de Cook e não estavam ligados às suas funções.