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Tarifas de Trump trarão prejuízos à indústria e Brasil precisa negociar, diz CNI

Entidade que representa a indústria disse que cada R$ 1 bilhão em exportações gera 24 mil empregos no país

Donald Trump, presidente dos EUA, durante conversa com jornalistas (AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, durante conversa com jornalistas (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 9 de julho de 2025 às 20h40.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que a nova tarifa de 50% a produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira, 9, trará prejuízos para a indústria nacional, e que a questão precisa ser resolvida com diálogo.

“Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito
interligada ao sistema produtivo americano", disse Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota

"Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, afirma Alban.

“Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver divergências e buscar soluções que favoreçam ambos os países. É por meio da cooperação que construiremos uma relação comercial mais
equilibrada, complementar e benéfica entre o Brasil e os Estados Unidos” disse Alban.

A CNI destacou a forte integração econômica entre os dois países, e que há 3.662 empresas americanas com investimentos no Brasil, enquanto 2.962 empresas brasileiras têm presença nos Estados Unidos.

A entidade apontou ainda que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil.

Entenda a nova tarifa de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira, 9, uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros. Ele disse que a taxa se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas.

A medida entra em vigor em 1º de agosto, e ainda pode ser negociada. A carta foi publicada na rede Truth Social e endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Devido, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como recentemente ilustrado pelo Supremo Tribunal Federal, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado brasileiro de mídia social), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Mercadorias levadas a outros países  para escapar dessa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta", disse Trump.

Leia aqui a íntegra da carta

A resposta de Lula a Trump

Em um post na rede social X, às 19h56, o presidente Lula respondeu a Trump. Ele disse que o Brasil é um país soberano e que "qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica."

A Lei de Reciprocidade foi aprovada pelo Congresso do Brasil em abril. Ela permite ao governo brasileiro retaliar tarifas impostas por outros países. Após o anúncio das medidas, parlamentares governistas passaram a defender o uso dessa lei.

O presidente Lula disse ainda que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro é "de competência apenas da Justiça Brasileira" e que as empresas americanas precisam seguir a lei do país.

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