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Tarifas dos EUA podem reduzir PIB do Brasil em até R$ 110 bilhões, aponta FIEMG

Levantamento mostra risco de perdas na indústria, agropecuária e empregos formais e informais mesmo com isenção parcial de produtos

Tarifas americanas devem reduzir o PIB brasileiro em até R$ 110 bilhões no longo prazo (FG Trade/Getty Images)

Tarifas americanas devem reduzir o PIB brasileiro em até R$ 110 bilhões no longo prazo (FG Trade/Getty Images)

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 14h44.

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros podem reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em até R$ 110 bilhões no longo prazo, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) divulgadas nesta terça-feira, 5.

O estudo aponta que os impactos atingem 55% das exportações brasileiras ao mercado norte-americano e afetam diretamente setores como siderurgia, agropecuária e indústria de transformação.

A medida determina a aplicação de uma tarifa adicional de 40% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, somando-se aos 10% já em vigor desde abril. Mesmo com a isenção concedida a 694 itens — o equivalente a 45% do valor exportado pelo Brasil — os efeitos negativos sobre a economia nacional seguem expressivos.

De acordo com a FIEMG, o impacto também deve afetar o mercado de trabalho, com a possível eliminação de até 146 mil postos formais e informais em todo o país no prazo de dois anos. A renda das famílias brasileiras pode ter queda de R$ 2,74 bilhões no mesmo período.

Entre os produtos mais atingidos estão carne bovina, café, produtos semimanufaturados de ferro e aço, além de bens manufaturados. Os setores industriais com maior exposição às tarifas são siderurgia, fabricação de calçados, máquinas e equipamentos, produtos de madeira e agropecuária.

Minas Gerais pode perder R$ 15,8 bilhões no PIB

Minas Gerais, terceiro maior Estado exportador para os Estados Unidos, com US$ 4,6 bilhões em vendas em 2024, também deve sofrer impactos relevantes. Mais de 60% da pauta exportadora mineira permanecem sujeitos à nova tarifa, com destaque para café, carnes bovinas e tubos de aço. Entre os produtos isentos estão ferro fundido, ferro-nióbio e aeronaves.

A FIEMG estima que o Estado pode perder R$ 4,7 bilhões no PIB no curto prazo, além da eliminação de mais de 30 mil empregos. No cenário de longo prazo, as perdas podem ultrapassar R$ 15,8 bilhões, com até 172 mil postos de trabalho impactados.

Para o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, é fundamental que o governo brasileiro adote uma estratégia diplomática para ampliar a lista de produtos isentos e preservar a competitividade da economia nacional. Segundo ele, a imposição das tarifas foi unilateral e sem negociação prévia com o Brasil.

“A FIEMG reforça que a via diplomática é o caminho mais eficaz para mitigar os impactos negativos da medida e garantir o fortalecimento da relação comercial estratégica entre Brasil e Estados Unidos", destacou o comunicado.

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