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Texas usa drones militares em busca por desaparecidos após enchentes devastadoras

Ao menos 80 pessoas morreram e 41 estão com o paradeiro desconhecido desde sexta-feira, segundo último balanço oficial

Equipes de resgate e voluntários usam drones e tecnologia para encontrar sobreviventes após enchentes devastadoras que deixaram dezenas de mortos e desaparecidos no Texas (AFP)

Equipes de resgate e voluntários usam drones e tecnologia para encontrar sobreviventes após enchentes devastadoras que deixaram dezenas de mortos e desaparecidos no Texas (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 6 de julho de 2025 às 20h19.

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Centenas de integrantes de equipes de resgate e voluntários prosseguiram neste domingo em uma luta contra o tempo para tentar encontrar sobreviventes na região central do Texas, no sul dos EUA, onde enchentes devastadoras deixaram ao menos 80 mortos, incluindo 28 crianças, e 41 desaparecidos desde a última sexta-feira. A Guarda Aérea Nacional do Texas está usando drones militares pilotados remotamente para ajudar na busca por desaparecidas.

“A 147ª Ala de Ataque está usando drones MQ-9 para missões críticas de busca e resgate hoje”, disse a Guarda Nacional do Texas em uma postagem no X no domingo. “A aeronave pilotada remotamente (RPA) MQ-9 Reaper, desarmada, tem enormes capacidades tecnológicas para coletar imagens de alta resolução e avaliar o impacto das enchentes nas áreas circundantes”, acrescentou.

Segundo o xerife do condado de Kerr, Larry Leith, entre as vítimas procuradas estão 10 meninas e uma conselheira do
acampamento de verão feminino cristão Mystic — os corpos de outras 16 meninas de 8 a 9 anos anteriormente também dadas como desaparecidas foram encontrados neste domingo. Às margens do Rio Guadalupe, o local tinha 750 crianças quando foi atingido por uma tromba d’água.

Água até o topo

Kerr é a região mais atingida pela tragédia. Do total de mortos, 68 foram registrados na região, enquanto cinco no condado de Travis — que também tem 13 desaparecidos — três no de Burnet, dois em Kendall e uma em Tom Green e outra em Williamson. De acordo com Leith, ainda falta identificar 22 dos mortos encontrados, incluindo quatro crianças.

O governador do Texas, Greg Abbott, disse no final do sábado que o acampamento havia sido “terrivelmente devastado” pelas inundações, de uma forma que ele nunca havia visto em outros desastres naturais, com as águas torrenciais atingindo o topo das cabanas.

“Não vamos parar até encontrarmos todas as meninas que estavam nessas cabanas”, escreveu nas redes sociais.

Com o recuo quase completo da água no acampamento no sábado, um cenário de destruição surgiu, mostrando dezenas de carros encalhados, alguns presos em árvores, e vegetação arrancada. Nas cabanas, a desordem reinava em meio a um chão, lençóis, ursos de pelúcia e outros objetos cobertos de lama. A força da corrente destruiu as janelas dos chalés.

O vice-governador do estado, Dan Patrick, relatou que um funcionário do acampamento enfrentou a corrente para quebrar a janela de uma cabana e permitir a fuga de um grupo de meninas.

— Para se salvar, as meninas nadaram durante 10 ou 15 minutos. Vocês podem imaginar, na escuridão, com as águas agitadas, árvores passando ao lado delas e pedras caindo por cima? — descreveu.

À espera de um milagre

Michael, de 40 anos, que pediu para seu sobrenome não ser revelado, disse que dirigiu de Austin, a capital do estado, para procurar sua filha de oito anos, cujos pertences ele recuperou.

— Estivemos em Kerrville o dia todo ontem [sexta-feira] nas unidades de gerenciamento de crise, e, nesta manhã [de sábado], quando soubemos que poderia haver pessoas aqui [local do acampamento], meu irmão e eu viemos de caminhão o mais rapidamente possível para ver se conseguíamos encontrar alguma coisa — explicou enquanto enxugava as lágrimas com a gola da camisa. — Estou torcendo muito por um milagre.

A chuva continuou a cair no centro do Texas na tarde de ontem, com tempestades esparsas trazendo novo risco de inundações na Bacia do Rio Guadalupe, disse ao New York Times Bob Fogarty, meteorologista do escritório do Serviço Meteorológico para Austin, San Antonio e arredores.

— É apenas uma questão de onde a chuva cai — disse ele.

Na sexta, o nível do Rio Guadalupe subiu quase oito metros em 45 minutos após cair mais de 300 milímetros de chuva durante a noite, um terço da média de precipitações esperadas para todo o ano.

Em choque

Autoridades e moradores ficaram chocados com a intensidade e a rapidez das cheias.

— As previsões estavam definitivamente erradas, [e a precipitação foi] o dobro do previsto — disse Dalton Rice, autoridade de Kerrville.

Cientistas e agências de gestão de desastres criticaram o presidente Donald Trump pelos cortes de financiamento e de funcionários no órgão de previsões e alertas meteorológicos, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). Ontem, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, afirmou que Trump quer “melhorar as tecnologias” da NOAA.

— Temos que renovar este sistema ultrapassado — disse em uma entrevista coletiva.

Em meados de junho, 13 pessoas morreram em San Antonio devido a inundações causadas por dilúvios. Inundações repentinas não são incomuns no sul e no centro do Texas, pois o solo não possui as condições para absorver a água das chuvas torrenciais. Mas os cientistas afirmam que, nos últimos anos, as mudanças climáticas causadas pelo homem tornaram eventos extremos como inundações, secas e ondas de calor mais frequentes e intensos.

(Com AFP e New York Times)

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