Mundo

Título em Wimbledon reabre debate entre China e Taiwan

Após título histórico no campeonato, dupla formada por chinesa e taiuanesa iniciou debates sobre soberania em entrevista coletiva


	3. Taiwan: "caixa de Pandora" foi aberta na entrevista coletiva posterior ao jogo, em Londres, em que foi perguntado as jogadoras sobre seus sentimentos após a vitória
 (Wikimedia Commons)

3. Taiwan: "caixa de Pandora" foi aberta na entrevista coletiva posterior ao jogo, em Londres, em que foi perguntado as jogadoras sobre seus sentimentos após a vitória (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2013 às 09h31.

Pequim - A complicada relação de amor e ódio de China e Taiwan teve um novo capítulo neste mês em um local lugar, as quadras de tênis, depois que uma dupla formada por uma chinesa e uma taiuanesa conseguiu histórico título em Wimbledon.

O apelidado "duo do Estreito" (de Formosa), formado pela chinesa Shuai Peng e a taiuanesa Su-Wei Hsieh, derrotou as australianas Ashleigh Barty e Casey Dellacqua na final. O resultado iniciou debates soberanistas.

A "caixa de Pandora" foi aberta ainda na entrevista coletiva posterior ao jogo, em Londres, em que foi perguntado as jogadoras sobre seus sentimentos após a vitória.

Quando Hsieh começou a responder, dizendo que estava muito orgulhosa de ganhar um título para seu país, Peng a interrompeu: "Sinto muito, mas eu estou aqui, e eu não reconheço que Taiwan seja um país".

A tenista chinesa deixou assim claro que além da discórdia atualmente vivida pelos governos de China e Taiwan - na guerra civil de 1945 a 1949, causaram a cisão entre a ilha e a parte continental - ainda há um abismo político entre ambas as sociedades, unidas pela cultura chinesa, mas separadas por 64 anos de governo diferente.

Após o alvoroço criado na entrevista coletiva, Peng esclareceu que ela e Hsieh nunca discutiam política e sempre se centravam no esporte, embora o debate tenha continuado nos dias seguintes, tanto na imprensa chinesa e taiuanesa como na internet.

Enquanto a imprensa chinesa - e a taiuanesa filiada ao nacionalista Partido Kuomintang - comemorava a vitória como uma mostra da crescente cooperação entre ambas as partes, os independentistas taiuaneses destacavam sobretudo a importância para a ilha, uma das primeiras em nível internacional.

Uma das principais preocupações entre os torcedores taiuaneses é a possibilidade - bastante provável - de que Hsieh adote a nacionalidade chinesa para conseguir melhores patrocinadores.

A imprensa taiuanesa citou o pai de Hsieh dizendo que uma marca de licor chinesa ofereceu a sua filha US$ 1,6 milhão para se estabelecer na China, o que fez o alarme soar em Taiwan, que teme perder um símbolo nascente de seu esporte.

A preocupação foi tal que até o presidente taiuanês, Ma Jing-Yeou, ofereceu a Hsieh fazer "todo o possível para ajudá-la em sua carreira no tênis", mantendo a dúvida em aberto.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEsportesTaiwanTênis (calçado)

Mais de Mundo

Governo dos EUA avalia estender pausa em tarifas sobre a China por mais 90 dias

União Europeia e Estados Unidos estão perto de concluir acordo com tarifas de 15%, diz jornal

Reino Unido testará uso de IA para identificar migrantes adultos que tentam se passar por crianças

Sem citar Brasil, Trump afirma que só irá abaixar tarifas se países abrirem mercado para os EUA