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Trump anuncia aumento 'substancial' de tarifas sobre a Índia

Trump critica a Índia por revender petróleo russo e anuncia aumento substancial de tarifas, em resposta à postura do país diante da guerra na Ucrânia

Publicado em 4 de agosto de 2025 às 12h30.

Última atualização em 4 de agosto de 2025 às 12h39.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta segunda-feira, 4, que elevará "substancialmente" as tarifas sobre as importações da Índia devido às compras de petróleo russo. Em uma postagem no Truth Social, Trump acusou o país asiático de não só comprar grandes quantidades de petróleo da Rússia, mas também de revender parte dessa carga no mercado global com grande lucro.

"A Índia não está apenas comprando quantidades massivas de petróleo russo, mas também revendendo muito desse petróleo no mercado aberto para grandes lucros. Eles não se importam com quantas pessoas na Ucrânia estão sendo mortas pela máquina de guerra russa", escreveu Trump.

Os Estados Unidos tiveram um déficit comercial com a Índia de cerca de US$ 43 bilhões de dólares no ano passado, o 11º maior, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). O valor do aumento ainda não foi confirmado pela Casa Branca. Na semana passada, o presidente dos EUA anunciou tarifas de 25% sobre os produtos indianos.

O petróleo como moeda de troca

Nas conversas entre os senadores brasileiros e parlamentares dos Estados Unidos realizadas na semana passada, o petróleo russo se destacou como uma possível moeda de troca nas negociações comerciais.

O Brasil, um dos principais importadores de diesel da Rússia, está sendo pressionado a rever essa postura devido às sanções internacionais e à crescente pressão dos Estados Unidos. O país norte-americano busca reduzir ou até interromper a importação de combustíveis vindos da Rússia, com o argumento de que" isso prejudica a luta contra a guerra na Ucrânia e a aliança com os países ocidentais".

Em resposta, o Brasil tem tentado utilizar o petróleo como uma barganha, oferecendo alternativas e propostas técnicas para manter as importações sem prejudicar sua balança comercial. As discussões apontam para o uso das importações de petróleo russo como um fator estratégico nas negociações.

O histórico Índia-EUA

As relações comerciais entre os Estados Unidos e a Índia enfrentam um cenário tenso, especialmente após o aumento da presença da Índia no grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O bloco econômico emergente tem sido alvo de críticas dos EUA, que veem a crescente aproximação entre seus membros, especialmente em relação ao uso de alternativas ao dólar, como uma ameaça ao sistema financeiro internacional tradicional liderado pelos Estados Unidos.

Outro ponto de tensão entre os dois países é justamente a compra de petróleo russo. Enquanto os Estados Unidos têm pressionado os países ao redor do mundo, incluindo a Índia, a interromperem essas compras devido à guerra na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia, a Índia manteve sua postura de continuar comprando petróleo russo, uma opção atraente devido aos preços abaixo do mercado.

A decisão colocou a Índia em uma posição delicada, com os EUA vendo a compra de energia da Rússia como uma maneira de sustentar a economia de Vladimir Putin e enfraquecer os esforços internacionais para pressionar Moscou a interromper a guerra na Ucrânia.

O governo de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, tem buscado formas de mitigar os impactos dessas tensões comerciais. Em resposta às críticas dos EUA e à ameaça de tarifas elevadas, a Índia tem intensificado suas negociações com os norte-americanos, explorando maneiras de reduzir o superávit comercial da Índia com os EUA. Isso inclui estratégias como o aumento das compras de gás natural dos EUA, além de buscar ampliar as importações de equipamentos de comunicação e até mesmo de ouro. A intenção é equilibrar a balança comercial e reduzir as tarifas sobre seus produtos, mantendo sua independência nas decisões sobre o petróleo russo.

Apesar das pressões externas, Modi tem demonstrado resistência a abrir setores sensíveis, como agricultura e laticínios, para acordos comerciais com os EUA, especialmente devido a questões religiosas e culturais que dificultam a flexibilização de regras sobre alimentos e ração animal.

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