Nas conversas entre os senadores brasileiros e parlamentares dos Estados Unidos realizadas na semana passada, o petróleo russo se destacou como uma possível moeda de troca nas negociações comerciais.
O Brasil, um dos principais importadores de diesel da Rússia, está sendo pressionado a rever essa postura devido às sanções internacionais e à crescente pressão dos Estados Unidos. O país norte-americano busca reduzir ou até interromper a importação de combustíveis vindos da Rússia, com o argumento de que" isso prejudica a luta contra a guerra na Ucrânia e a aliança com os países ocidentais".
Em resposta, o Brasil tem tentado utilizar o petróleo como uma barganha, oferecendo alternativas e propostas técnicas para manter as importações sem prejudicar sua balança comercial. As discussões apontam para o uso das importações de petróleo russo como um fator estratégico nas negociações.
O histórico Índia-EUA
As relações comerciais entre os Estados Unidos e a Índia enfrentam um cenário tenso, especialmente após o aumento da presença da Índia no grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O bloco econômico emergente tem sido alvo de críticas dos EUA, que veem a crescente aproximação entre seus membros, especialmente em relação ao uso de alternativas ao dólar, como uma ameaça ao sistema financeiro internacional tradicional liderado pelos Estados Unidos.
Outro ponto de tensão entre os dois países é justamente a compra de petróleo russo. Enquanto os Estados Unidos têm pressionado os países ao redor do mundo, incluindo a Índia, a interromperem essas compras devido à guerra na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia, a Índia manteve sua postura de continuar comprando petróleo russo, uma opção atraente devido aos preços abaixo do mercado.
A decisão colocou a Índia em uma posição delicada, com os EUA vendo a compra de energia da Rússia como uma maneira de sustentar a economia de Vladimir Putin e enfraquecer os esforços internacionais para pressionar Moscou a interromper a guerra na Ucrânia.
O governo de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, tem buscado formas de mitigar os impactos dessas tensões comerciais. Em resposta às críticas dos EUA e à ameaça de tarifas elevadas, a Índia tem intensificado suas negociações com os norte-americanos, explorando maneiras de reduzir o superávit comercial da Índia com os EUA. Isso inclui estratégias como o aumento das compras de gás natural dos EUA, além de buscar ampliar as importações de equipamentos de comunicação e até mesmo de ouro. A intenção é equilibrar a balança comercial e reduzir as tarifas sobre seus produtos, mantendo sua independência nas decisões sobre o petróleo russo.
Apesar das pressões externas, Modi tem demonstrado resistência a abrir setores sensíveis, como agricultura e laticínios, para acordos comerciais com os EUA, especialmente devido a questões religiosas e culturais que dificultam a flexibilização de regras sobre alimentos e ração animal.