Mundo

Trump considera restringir exportações de software à China

Embora a medida seja aplicada como retaliação a Pequim, ela trazer prejuízos para a economia americana

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 16h09.

Tudo sobreChina
Saiba mais

O governo dos Estados Unidos está avaliando a possibilidade de implementar um plano para limitar exportações de software para a China, abrangendo desde laptops até motores a jato, como resposta à imposição de restrições por parte de Pequim a exploração de terras raras. A informação foi revelada à agência Reuters por uma autoridade americana e três fontes que receberam detalhes diretamente das autoridades da Casa Branca.

Embora essa seja apenas uma das alternativas em discussão, o plano atenderia à ameaça feita pelo presidente Donald Trump no início deste mês de proibir as exportações de "software crítico" para a China, restringindo as remessas globais de produtos que contenham ou tenham sido produzidos com software desenvolvido nos Estados Unidos.

Guerra tarifária

Em 10 de outubro, Trump postou na rede Truth Social que aplicaria uma tarifa adicional de 100% sobre as exportações da China para os EUA, além de impor novos controles sobre "todo e qualquer software crítico" até o dia 1º de novembro.

As bolsas de valores dos EUA reagiram com quedas momentâneas após a notícia, com o S&P 500 registrando uma queda de 0,8% e o Nasdaq 1,3%, antes de recuperarem parte das perdas.

Em relação à situação, um porta-voz da embaixada chinesa não se pronunciou especificamente sobre as possíveis medidas americanas, mas declarou que a China se opõe à imposição de "medidas unilaterais de jurisdição extraterritorial" pelos EUA, prometendo "tomar medidas decisivas para defender seus direitos e interesses legítimos" caso os Estados Unidos sigam com o que consideram um caminho errado.

Pressão sobre a China e prejuízos aos EUA

Segundo uma das fontes disse à Reuters, a medida poderia ser anunciada como uma forma de pressionar a China, mas sem ser implementada. Outras propostas políticas mais detalhadas também estão sendo discutidas.

Caso seja implementada, a medida teria um impacto significativo no comércio global com a China, especialmente no setor de tecnologia, e poderia resultar em prejuízos para a economia americana.

Se concretizada, a medida remeteria às restrições que o governo de Joe Biden impôs à Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022. Essas restrições limitem as exportações para a Rússia de produtos fabricados globalmente com tecnologia ou software dos EUA.

A publicação de Trump no Truth Social aconteceu três semanas antes de um encontro previamente marcado com o presidente chinês Xi Jinping, na Coreia do Sul, e um dia depois de a China ter expandido drasticamente seus controles sobre as exportações de elementos de terras raras, dos quais domina o mercado e são essenciais para a fabricação de tecnologia.

Na postagem, Trump criticou a ação da China, que começaria a vigorar em 1º de novembro, classificando-a como "uma vergonha moral", pois impõe controles sobre "quase todos os produtos que fabricam".

No entanto, surgiram dúvidas sobre o que Trump quis dizer com a menção aos controles sobre "software crítico". Embora tenha imposto uma série de tarifas à China desde que assumiu o cargo, ele hesitou em adotar restrições de exportação contra Pequim, inicialmente impondo novas limitações às remessas de chips de IA da Nvidia e software de design de chips, mas reverteu posteriormente a decisão.

A China também se opôs à regra do governo Trump que restringe empresas americanas de enviar bens e tecnologias para companhias com pelo menos 50% de participação de empresas chinesas sancionadas.

As exportações da China para os Estados Unidos enfrentam atualmente tarifas em torno de 55%, com possibilidade de aumento para 155% caso Trump cumpra sua ameaça de elevação tarifária. No entanto, Trump parece ter suavizado sua postura em relação à China, declarando em 12 de outubro: "Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la!"

Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, comentou na última sexta-feira que deve se encontrar com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, na Malásia, antes do encontro entre Trump e Xi na Coreia do Sul no final deste mês.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)ExportaçõesSoftware

Mais de Mundo

EUA ataca embarcação no Pacífico após ofensiva no Caribe; veja vídeo

Chanceler da Argentina renuncia dias antes de eleição chave para futuro do governo Milei

Cuba acusa EUA de pressionar votações na ONU contra suspensão de sanções

Casa Branca confirma que Lula e Trump podem se reunir na Malásia