Mundo

Trump diz que Harvard deve limitar a matrícula de estudantes estrangeiros em 15%

Declaração faz parte da intensa disputa entre o governo e a universidade sobre alterações em políticas e regras de matrículas de estudantes não-americanos

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 28 de maio de 2025 às 14h53.

Tudo sobreHarvard
Saiba mais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou nesta quarta-feira, 28, suas críticas à Universidade Harvard ao afirmar que a instituição deveria limitar a matrícula de estudantes estrangeiros a 15%.

A declaração faz parte de uma disputa ampla em que o governo busca implementar mudanças na renomada universidade, segundo informações da Bloomberg.

"Acho que eles deveriam ter um limite de talvez 15%, não 31%", afirmou Trump nesta tarde durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca. "Temos pessoas que querem ir para Harvard e outras instituições, mas não conseguem porque temos estudantes estrangeiros lá."

As declarações acontecem em um contexto no qual o governo pressiona Harvard a alterar várias de suas políticas. Segundo o governo norte-americano, as ações visam combater o antissemitismo no campus após os protestos contra a guerra em Gaza. Entre as medidas já adotadas estão o congelamento do financiamento à universidade e o impedimento de novas matrículas para estudantes internacionais.

Apesar disso, Harvard conseguiu uma liminar que suspende temporariamente essa proibição.

Atualmente, cerca de 6.800 alunos da universidade — representando 27% do total de estudantes — são estrangeiros, segundo dados oficiais, número que cresceu em relação aos 19,6% registrados em 2006. A instituição também informa que a comunidade internacional no campus ultrapassa 10 mil pessoas, considerando os bolsistas, participantes de programas não conferentes de diploma e seus familiares.

"Quero garantir que os estudantes estrangeiros sejam pessoas que possam amar o nosso país", disse Trump.

Harvard sob pressão

Donald Trump tem intensificado uma campanha para pressionar universidades de prestígio no país a adotarem mudanças em suas políticas, alegando a necessidade de combater o antissemitismo e garantir os direitos civis nas instituições de ensino superior. No centro desse embate entre autonomia acadêmica e intervenção governamental, seu governo tem tomado medidas como o congelamento de recursos federais e a revogação de vistos para estudantes estrangeiros.

A Universidade Harvard se tornou o foco principal dessas ações depois que o governo Trump suspendeu mais de US$ 2,6 bilhões (aproximadamente R$ 14,6 bilhões na cotação atual) em financiamentos para pesquisas - isso depois que a instituição se recusou a alterar políticas internas relacionadas à governança, disciplina, contratação e processos seletivoss que não estariam alinhadas com as diretrizes da Casa Branca.

Além disso, o programa de Harvard para estudantes internacionais teve sua certificação cancelada, bloqueando novas matrículas de estrangeiros. Nesta terça-feira, o governo comunicou às agências federais o cancelamento dos contratos restantes com Harvard, estimados em US$ 100 milhões (cerca de R$ 570 milhões).

As pressões podem se intensificar ainda mais. Trump anunciou a intenção de retirar o status de isenção fiscal da universidade — benefício que, segundo a Bloomberg, poupou Harvard de pelo menos US$ 465 milhões (R$ 2,6 bilhões) em impostos no ano passado. A Câmara dos Deputados, sob controle republicano, aprovou projeto que prevê aumento significativo da tributação sobre os rendimentos líquidos de fundos de universidades privadas.

Harvard reagiu judicialmente, alegando que as ações do governo ameaçam sua independência e cerceiam a liberdade de expressão ao suspender recursos federais. A universidade também questiona a legalidade da proibição de matrícula para estudantes internacionais.

Conhecido por críticas às universidades de elite, Trump acusa essas instituições de promoverem ideias contrárias aos valores americanos e de adotarem práticas que infringem leis antidiscriminação racial. Durante sua campanha presidencial em 2024, ele prometeu usar instrumentos como impostos, multas e processos para reduzir "fundos privados excessivamente grandes" e "recuperar as instituições educacionais outrora grandiosas das garras da esquerda radical e dos maníacos marxistas".

As críticas a Harvard, a mais antiga e rica universidade dos EUA, se concentram especialmente na alegada falha em enfrentar o antissemitismo. O campus enfrentou tensões após o grupo palestino Hamas — designado pelos EUA como organização terrorista — ter matado 1.200 pessoas e sequestrado mais de 200 em Israel, em outubro de 2023. Na sequência, mais de 53 mil palestinos morreram na Faixa de Gaza, segundo dados do ministério da Saúde local. Esses eventos desencadearam protestos estudantis e denúncias de antissemitismo em Harvard, feitas por alunos judeus e organizações internacionais.

Acompanhe tudo sobre:HarvardFaculdades e universidadesEstados Unidos (EUA)Donald Trump

Mais de Mundo

Ucrânia está 'disposta' a negociar com Rússia na segunda, mas quer 'discussão construtiva'

Índia nega que tarifas de Trump tenham influenciado cessar-fogo com Paquistão

Julgamento sobre morte de Maradona é anulado após afastamento de juíza

Cuba diz que recebe petróleo da Venezuela com 'fórmula' que evita sanções dos EUA