Mundo

Trump mira dez acordos comerciais antes de retomar tarifas suspensas

Após assinar acordo com a China discutido em Genebra, EUA buscam negociações com Índia e Japão antes do fim do prazo imposto por Trump

Donald Trump: presidente dos EUA assinou acordo com a China sobre tratativas conversadas em maio. ( MARIN / POOL/AFP Photo)

Donald Trump: presidente dos EUA assinou acordo com a China sobre tratativas conversadas em maio. ( MARIN / POOL/AFP Photo)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 27 de junho de 2025 às 06h45.

O presidente Donald Trump prepara uma ofensiva para fechar até dez novos acordos comerciais nas próximas semanas, enquanto se aproxima o prazo de 9 de julho — data em que podem voltar a vigorar tarifas mais altas sobre produtos importados que haviam sido suspensas em abril. 

“Vamos fazer os 10 principais acordos, colocá-los na categoria certa, e então esses outros países virão depois”, afirmou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em entrevista à Bloomberg Television, sem revelar quais seriam as nações envolvidas nessa primeira leva de negociações.

Entre os países apontados como prioridades está a Índia. Segundo o site americano, uma equipe de negociadores indianos, liderada pelo chefe-negociador Rajesh Agarwal, está em Washington para dois dias de reuniões com autoridades americanas, na tentativa tratar os impasses de Trump e buscar um acordo definitivo com os EUA.

Outro parceiro estratégico envolvido nas conversas é o Japão. O principal negociador comercial japonês, Ryosei Akazawa, também tem novas conversas marcadas na capital americana. Antes de viajar para o país, Akazawa disse a jornalistas que o Japão não aceita a tarifa de 25% imposta pelos Estados Unidos sobre automóveis, tema considerado sensível nas tratativas.

Questionado sobre as declarações de Lutnick e o andamento das conversas com Washington, o secretário-chefe do Gabinete japonês, Yoshimasa Hayashi, afirmou apenas estar ciente das informações, mas evitou comentar detalhes. “Japão e EUA estão atualmente discutindo a série de medidas tarifárias norte-americanas, e continuaremos fazendo o máximo esforço nessa questão, pois é nossa maior prioridade”, disse ele.

Trump tem 12 dias para concluir as negociações até o final do prazo

Trump tem pressionado para acelerar as negociações e avisou que, caso os acordos não sejam firmados dentro do prazo - estabelecido por ele - pretende enviar "cartas" a cada país, impondo unilateralmente os termos comerciais.

Segundo Lutnick, os países seriam classificados em “categorias apropriadas” até 9 de julho, embora haja possibilidade de o presidente prorrogar o prazo para permitir mais conversas.

“Aqueles que tiverem acordos, terão acordos, e todos os demais que estiverem negociando conosco receberão uma resposta nossa e, então, entrarão nesse pacote”, declarou Lutnick. “Se alguém quiser voltar e negociar mais, tem esse direito, mas a tarifa será fixada, e seguiremos em frente.”

Trump chegou a anunciar tarifas recíprocas de até 50% em abril, mas suspendeu a maior parte das medidas por 90 dias para abrir espaço a negociações. Ainda não está claro quão abrangentes ou profundos serão esses novos acordos, que tradicionalmente levam anos para serem concluídos. 

Um exemplo citado pela Bloomberg é o pacto firmado com o Reino Unido, que mesmo após fechado ainda deixa indefinições importantes, como o tratamento tarifário a alguns metais importados.

Além desses potenciais acordos, Washington acaba de firmar um entendimento com Pequim, assinado no início desta semana, prevendo o envio de terras raras da China aos EUA e o fim das diversas restrições impostas por Trump ao país asiático.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)TarifasJapãoÍndia

Mais de Mundo

China e EUA assinam acordo para aliviar guerra comercial; exportação de terras raras é liberada

EUA impõe novas restrições de vistos a famílias e colaboradores de traficantes de drogas

Netanyahu diz que vitória sobre Irã abre caminho para expandir 'acordos de paz'

EUA e China chegaram a um acordo sobre tarifas, diz secretário de Trump