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Trump e Putin começam reunião no Alasca e não terão mais conversa privada

Presidentes fazem reunião de cúpula nesta sexta para discutir guerra na Ucrânia

O presidente Donald Trump saúda o presidente Vladimir Putin, no início de reunião de cúpula no Alasca (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

O presidente Donald Trump saúda o presidente Vladimir Putin, no início de reunião de cúpula no Alasca (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 15h59.

Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 17h42.

Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, começaram sua reunião no Alasca para debater saídas para a guerra na Ucrânia e o futuro da relação entre os dois países.

Trump chegou ao Alasca às 10h20 na hora local (15h20 em Brasília). Putin chegou pouco depois. Seu avião pousou às 10h50 (15h50 em Brasília). Os dois se encontraram às 16h08 em Brasília, em uma área montada ao ar livre, perto dos aviões, e se cumprimentaram. Em seguida, eles foram levados ao local da reunião, dentro da base militar de Elmendorf-Richardson, perto de Anchorage.

Os dois posaram para mais fotos antes de começarem as conversas. As negociações entre os dois presidentes poderão levar de 6 a 7 horas, segundo o Kremlin. A Casa Branca não deu estimativas, mas Trump tem a partida do Alasca prevista para 17h45 na hora local (23h45 em Brasília). 

Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, a reunião entre os dois líderes, que inicialmente teria apenas eles e os tradutores, será acompanhada também de três secretários e ministros de cada lado. Trump estará acompanhado do secretário de Estado, Marco Rubio, e do enviado especial Steve Witkoff.

Além desta conversa, haverá uma segunda rodada de negociações, com a presença de delegações mais amplas dos dois lados, feita junto a um almoço.

Ao chegar no Alasca, Trump disse a repórteres que quer um cessar-fogo. "Isso não tem a ver com a Europa. A Europa não me diz o que fazer, mas eles serão envolvidos no processo, obviamente, assim como Zelensky", disse, citando o presidente da Ucrânia, que não foi convidado.

Trump disse ainda que a cessão de territórios para a Rússia será debatida, mas que a decisão final será feita pela Ucrânia. Os ucranianos foram invadidos pela Rússia e perderam várias partes do país durante a guerra. Zelensky defende que o país recupere a área que tinha antes da invasão, em 2022.

Reunião poderá durar 6 horas

Trump deverá receber Putin quando seu avião pousar nos arredores de Anchorage, no Alasca. Ele deve pousar por volta das 16h (hora de Brasília). A reunião entre os dois está prevista para começar às 16h30.

"Presumimos que haverá primeiro uma conversa cara a cara. Isso envolverá a participação de assessores. Em seguida, haverá negociações com as delegações, possivelmente no formato de um almoço de trabalho. Depois disso, os líderes farão um intervalo e se reunirão para entrevista coletiva conjunta. Isso durará pelo menos 6 ou 7 horas", explicou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, à televisão estatal.

Após a cúpula e antes de voltar para a Rússia, Putin deixará flores no cemitério onde estão enterrados 11 militares — nove deles pilotos — e dois cidadãos soviéticos que morreram entre 1942 e 1945 enquanto tentavam transportar aviões fornecidos pelos Estados Unidos.

Putin pisará em território ocidental pela primeira vez desde que ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, uma guerra que provocou as mortes de dezenas de milhares de pessoas e na qual as tropas da Rússia continuam avançando. Atualmente, os militares do país controlam quase 20% do território ucraniano.

A escolha do Alasca não foi casual. Para chegar ao Alasca, Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual os Estados Unidos não são membros, só precisa atravessar o estreito de Bering.

Ao chegar ao Alasca, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, se recusou a fazer previsões.

"Nunca fazemos previsões com antecedência", disse o diplomata, vestindo um moletom com a sigla "CCCP", o acrônimo russo para "URSS" (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

Trump prometeu conversar rapidamente com os líderes europeus e Zelensky após a reunião.

Segundo o americano, para alcançar um acordo final será necessário um encontro de cúpula a três partes, com Zelensky, e dividir o território.

Antes de viajar para o Alasca, Trump conversou por telefone com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado próximo de Putin que permitiu ao Exército russo usar seu território para atacar a Ucrânia.

O presidente Donald Trump saúda o presidente Vladimir Putin, no início de reunião de cúpula no Alasca (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

O que Rússia e Ucrânia querem?

A Ucrânia teme que um acordo de paz agora possa dar tempo para que a Rússia se rearme e volte a atacar daqui a algum tempo, e busca formas de garantir que isso não aconteça. Além disso, quer recuperar territórios tomados à força pelos russos.

Do outro lado, a Rússia quer garantias de que a Ucrânia não se una à Otan (aliança militar do Ocidente, que inclui EUA e Europa), que não haja tropas de potências ocidentais perto de seu território e quer manter sob seu controle áreas que conquistou durante o conflito.

A Rússia exige ainda que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan.

Para Kiev, as exigências são inaceitáveis. Durante três rodadas de negociações, a última delas em Istambul, em julho, russos e ucranianos só conseguiram concordar sobre a troca de prisioneiros de guerra.

Com AFP e EFE.

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