Mundo

Trump proíbe emissão de vistos a estudantes estrangeiros de Harvard

Decisão é mais um capítulo do embate entre a Casa Branca e a principal universidade americana, e deve ser questionada nos tribunais

Bandeiras com o símbolo de Harvard adornam um dos prédios da universidade que se tornou símbolo da resistência da ciência aos ataques de Trump  (Marta Garde/EFE)

Bandeiras com o símbolo de Harvard adornam um dos prédios da universidade que se tornou símbolo da resistência da ciência aos ataques de Trump (Marta Garde/EFE)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 5 de junho de 2025 às 11h04.

Tudo sobreHarvard
Saiba mais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proibiu a emissão de vistos aos estudantes estrangeiros que deveriam iniciar seus estudos na Universidade Harvard, em uma intensificação da pressão de sua administração sobre os centros de ensino superior.

A decisão, anunciada em uma proclamação na noite da quarta-feira, 4, se segue a cortes de verbas federais e à ameaça de retirar a instituição, a mais renomada do país, do sistema para alunos de outros países.

A universidade qualificou como 'represália' a ordem da Casa Branca contra seus estudantes.

"Decidi que é necessário restringir o ingresso de estrangeiros que buscam entrar nos Estados Unidos para participar como estudantes de um curso da Universidade Harvard ou de um programa de intercâmbio acadêmico", declarou Trump.

No texto, ele repete acusações recorrentes em suas falas contra a universidade, como a de que as taxas de criminalidade no campus aumentaram "de forma dramática" nos últimos anos, e afirma que "adversários e concorrentes estrangeiros aproveitam o fácil acesso ao ensino superior americano para, entre outras coisas, roubar informações técnicas e produtos, explorar pesquisas caras para promover suas próprias ambições e espalhar informações falsas por motivos políticos ou outros".

Trump ainda avança no ponto que, talvez mais do que as acusações de leniência com atos de antissemitismo, seja o que mais o incomoda: a recusa de Harvard em fornecer informações detalhadas sobre alunos estrangeiros, que correspondem a quase 30% do corpo discente.

"Apesar dos riscos descritos acima, a Universidade Harvard recusou os recentes pedidos do DHS (Departamento de Segurança Interna) para obter informações sobre “atividades ilegais conhecidas”, “atividades perigosas e violentas conhecidas”, “ameaças conhecidas a outros estudantes ou funcionários da universidade”, “privação conhecida de direitos de outros colegas ou funcionários da universidade” e se essas atividades “ocorreram no campus” e outros dados relacionados", afirma o presidente na proclamação, antes de confirmar a suspensão de emissão de vistos.

O Departamento de Estado também deverá analisar se os alunos estrangeiros matriculados na universidade podem ter seus vistos revogados, mas há uma brecha na proclamação: segundo ela, a determinação não poderá ser aplicada "a qualquer estrangeiro cuja entrada seja de interesse nacional, conforme determinado pelo Secretário de Estado, pelo Secretário de Segurança Interna ou seus respectivos designados".

A expectativa é de que a decisão seja questionada nos tribunais. Em um pronunciamento, a universidade disse que "continuará a proteger seus estudantes internacionais".

“Esta é mais uma medida ilegal de retaliação tomada pelo governo, violando os direitos da Primeira Emenda da Universidade de Harvard”, afirmou um porta-voz da instituição.

Ao contrário de instituições como a Universidade Columbia, a universidade não concordou com a pressão exercida pela Casa Branca para que aceitasse mudanças em suas normas internas, especialmente relacionadas ao antissemitismo, e para fornecer dados sobre os estudantes matriculados.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Harvard

Mais de Mundo

Trump e Musk não devem conversar por telefone nesta sexta-feira, diz agência

Payroll: EUA cria 139 mil empregos em maio, acima do esperado pelo mercado

Suécia já sente impacto das tarifas de Trump, afirma ministra

Bill Ackman e Kanye West pedem reconciliação entre Trump e Elon Musk nas redes