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Trump recebe Mamdani e diz que socialista será um 'grande prefeito' de NY

Presidente norte-americano e prefeito eleito se encontraram nesta sexta-feira na Casa Branca, em Washington

O presidente dos EUA, Donald Trump (à direita), se reúne com o prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington (EUA) (Jim WATSON / AFP/Getty Images)

O presidente dos EUA, Donald Trump (à direita), se reúne com o prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington (EUA) (Jim WATSON / AFP/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 18h42.

Última atualização em 21 de novembro de 2025 às 18h54.

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Após meses criticando a candidatura de Zohran Mamdani para Nova York, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou o prefeito eleito durante o primeiro encontro dos dois na Casa Branca, em Washington. Segundo ele, o democrata será um 'grande prefeito'.

"Estou muito confiante de que ele pode fazer um bom trabalho", declarou Trump na tarde desta sexta-feira, em uma coletiva de imprensa no Salão Oval. "Acho que ele vai surpreender alguns conservadores, na verdade."

Em sua declaração, o republicano afirmou que se surpreendeu com a conversa que teve com Mamdani, na qual os dois concordaram sobre diversos temas. "Concordamos em muito mais coisas do que eu imaginava".

Embora esse posicionamento represente uma mudança notável em relação às críticas anteriores de Trump, o presidente norte-americano já havia elogiado Mamdani em outra ocasião, segundo o jornal The New York Times.

"Espero ajudá-lo, não prejudicá-lo. Acho que este prefeito pode fazer coisas realmente ótimas", disse.

Em outro momento, Trump defendeu Mamdani após ele ser questionado sobre sua opção de voar para Washington em vez de tomar o trem, uma escolha menos ecológica. O presidente considerou que Mamdani estava muito ocupado, e que voar era a opção mais rápida.

Trump também afirmou que "certamente" moraria em Nova York durante a gestão de Mamdani, refutando a narrativa de seus apoiadores, que sugerem que os ricos deveriam fugir dos cinco distritos da cidade após a vitória do político socialista.

A postura cordial de Trump em relação à Mamdani é um contraste com a maneira como ele costuma se referir a políticos democratas. Nesta quinta-feira, o presidente havia atacado um grupo de parlamentares democratas, dizendo que seus comportamentos eram "puníveis com a morte".

Trump também expressou ter "pouquíssimas dúvidas" de que ele e Mamdani concordam em políticas de combate ao crime.

Segundo o The New York Times, ao final do encontro, Trump deu um tapinha no braço de Mamdani, quando um repórter perguntou se Trump era "fascista". Mamdani sorriu desconfortavelmente, e o presidente sugeriu que ele simplesmente respondesse "sim", em vez de tentar se explicar.

Por outro lado, o prefeito eleito tem motivos para diminuir a tensão com Trump antes de sua posse em 1º de janeiro. Trump ameaçou anteriormente enviar a Guarda Nacional para a cidade de Nova York e cortar bilhões de dólares em verbas federais.

O prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, ganhou notoriedade no ano passado, nas semanas seguintes à reeleição do presidente Trump.

Cerca de um mês após o início de sua improvável candidatura à prefeitura, Mamdani, como muitos democratas, questionava os motivos da melhora significativa na popularidade de Trump na cidade de Nova York durante a eleição presidencial do ano anterior.

O presidente obteve cerca de 95 mil votos a mais na cidade em comparação com seu desempenho em 2020, o que representou um aumento de sete pontos percentuais. Ele também conquistou uma porcentagem maior dos votos na cidade de Nova York do que qualquer outro candidato republicano à presidência desde George H.W. Bush, em 1988.

A vitória de Zohran Mamdani nas eleições municipais de 4 de novembro foi histórica. Ele conquistou cerca de 50,6% dos votos, superando os 41,2% de Andrew Cuomo — um democrata que concorreu como independente e recebeu apoio de Trump na reta final — e os 7,4% do republicano Curtis Sliwa.

Com apenas 34 anos, Mamdani se tornará um dos prefeitos mais jovens da história de Nova York e o primeiro muçulmano a liderar a cidade.

Quem é Zohran Mamdani, novo prefeito de Nova York?

Zohran Mamdani, do partido Democrata, foi eleito prefeito de Nova York (Stephanie Keith / Getty Images) (STEPHANIE KEITH/Getty Images)

Ao ser eleito prefeito de Nova York, Zohran Mamdani chega ao cargo com a promessa de transformar a administração pública em uma plataforma direcionada para comunidades de baixa renda.

Filho da cineasta Mira Nair e do acadêmico Mahmood Mamdani, Zohran nasceu em Uganda, em uma família de origem indiana, e se mudou para os Estados Unidos aos sete anos.

Naturalizado americano em 2018, cresceu no Bronx e estudou em escolas de excelência, onde passou a se interessar por política e arte. Antes de ingressar na vida pública, teve uma breve passagem pelo rap, com o nome artístico “Young Cardamom”, inspirado por grupos de hip hop.

A ascensão política

Mamdani iniciou a carreira como conselheiro de prevenção de execuções hipotecárias e ajudou famílias a manter suas casas durante crises financeiras. Em 2018, foi eleito para a Assembleia Estadual de Nova York, onde passou a representar um distrito diverso do Queens, marcado por comunidades de imigrantes. Ali, construiu uma reputação de defensor de políticas públicas para moradia acessível, transporte gratuito e creches universais.

Em junho deste ano, superou o ex-governador Andrew Cuomo nas primárias do Partido Democrata, o que o colocou no centro do debate político da cidade.

Com um discurso focado na desigualdade urbana, Mamdani defende maior controle de aluguéis, ampliação do transporte público gratuito e incentivo a lojas de bairro administradas pelo município. Ele costuma dizer que quer “recolocar Nova York nas mãos de quem vive nela”.

Muçulmano praticante e ativista de causas sociais, transita com naturalidade entre eventos culturais, marchas do Orgulho LGBTQIA+ e celebrações do Ramadã. Essa imagem inclusiva o ajudou a conquistar o apoio de eleitores jovens.

Controvérsias e rivalidades com Trump

Crítico declarado da política de Israel, Mamdani chamou o país de “regime de apartheid” e classificou a guerra em Gaza como “genocídio”, posições que geraram tensão com parte da comunidade judaica. Para reduzir o atrito, passou a condenar publicamente o antissemitismo e defende o diálogo entre religiões e etnias.

O presidente Donald Trump chegou a chamá-lo de “pequeno comunista”. Ainda assim, analistas o comparam ao próprio Trump em um aspecto: ambos foram outsiders que souberam captar a insatisfação popular com o 'establishment'.

(Com informações da agência AFP)

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