Os presidentes Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, e Donald Trump, dos EUA, durante encontro no Salão Oval em 18 de agosto (Mandel Ngan/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 16h20.
Última atualização em 18 de agosto de 2025 às 16h21.
Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, se reúnem nesta segunda-feira, 18, na Casa Branca, ao lado de líderes europeus. Após duas horas, o clima era de otimismo e os líderes disseram ter avançado em temas importantes para se conseguir um acordo para encerrar a Guerra da Ucrânia
"Tivemos uma conversa muito boa. A melhor de todas. A melhor de todas até agora, pois talvez a melhor de todas será no futuro. Falamos de pontos muito sensíveis, como as garantias de segurança", disse Zelensky, no começo de uma segunda reunião, com a presença de líderes de países europeus, da Otan (aliança militar do Ocidente) e da União Europeia.
As garantias para o futuro da Ucrânia são um dos principais pontos da negociação. O país quer ter mecanismos para evitar ser invadido de novo no futuro pela Rússia, caso aceite um acordo de paz agora. O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que um dos caminhos para isso é que os demais países ajudem a Ucrânia a ter um Exército próprio bem treinado e bem armado.
Em entrevista coletiva no início do encontro, Trump disse que ajudará a Ucrânia a manter sua segurança após um eventual um acordo de paz, mas sem dar muitos detalhes. Ele disse ainda achar que "um cessar-fogo não é necessário", ecoando uma posição defendida pela Rússia.
"Vamos dar a eles proteção muito boa e segurança muito boa. Vai ter muita ajuda", disse o líder americano aos jornalistas. Ele disse que busca uma saída de longo prazo, para evitar que a guerra recomece em alguns anos.
Guerra da Ucrânia: se conflito acabar hoje, como ficará o país?Trump não descartou envolver soldados americanos nessa força de defesa e disse que os EUA "estariam envolvidos na assistência de segurança à Ucrânia".
Perguntado sobre que tipos de garantia gostaria, Zelensky deu exemplos. "Primeiro, um forte exército ucraniano, sobre o qual comecei a discutir com seus colegas, e trata-se muito de armas, pessoal, treinamento e inteligência. E, segundo, discutiremos com nossos parceiros. Depende dos grandes países, dos Estados Unidos, de todos os nossos amigos", disse.
A Rússia pressiona a Ucrânia a aceitar a perda de territórios que foram tomados pela força. Se as linhas atuais forem mantidas, o país perderia cerca de 20% do território, nas áreas leste e sul.
Zelensky sinalizou que poderia ceder na questão territorial, mas exige garantias de que a Ucrânia não será invadida novamente. Entre as ideias debatidas, estão a criação de uma força militar internacional para permanecer nas fronteiras ucranianas, ou um acordo que garanta que militares de outros países serão enviados para a Ucrânia em caso de invasão.
Zelensky e Trump se reúnem nesta segunda-feira na Casa Branca para discutir um acordo de paz para a Guerra da Ucrânia. Os dois tiveram uma reunião privada. Depois, os dois se reuniram com os líderes de Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Finlândia, além do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Na sexta-feira, 15, Trump se reuniu com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Alasca. Os dois disseram que houve avanço nas conversas, mas não detalharam quais temas foram debatidos.
Após aquele encontro, Trump disse que levaria os termos falados com Putin a Zelensky e a outros líderes europeus antes de avançar para um acordo final, pois a decisão final teria de ser tomada pela Ucrânia.
Após o encontro, o mandatário americano deixou de insistir na necessidade de um cessar-fogo e defendeu que um acordo de paz completo, o que significa que as negociações poderiam continuar enquanto a guerra prossegue.
No domingo, Trump assegurou em sua plataforma Truth Social que Zelensky poderia "pôr fim à guerra com a Rússia quase imediatamente, se assim o quiser", embora para isso a Ucrânia devesse renunciar à Crimeia e "não pudesse entrar na Otan".
Nesta segunda, Trump disse que falará por telefone com Putin após as conversas dessa segunda, que devem se estender ao longo da tarde.
Antes do encontro com os líderes europeus, Zelensky também teve uma reunião com o enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg.
"Nosso principal objetivo é uma paz confiável e duradoura para a Ucrânia e para toda a Europa", publicou ele nas redes sociais antes da reunião. "Precisamos deter as mortes, e agradeço aos parceiros que estão trabalhando para alcançar isso e, em última instância, para alcançar uma paz duradoura e digna", acrescentou.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou aos jornalistas no avião com destino à Washington: "Temos que garantir que haja faz, que seja uma paz duradoura, justa e equitativa".
A primeira-ministra, Giorgia Meloni, afirmou que "está abrindo uma pequena janela ao diálogo" e que apoiava a ideia das garantias de segurança.
De acordo com informações da imprensa americana, Putin estaria disposto a aceitar as garantias de segurança ocidentais para a Ucrânia caso um acordo de paz fosse alcançado, mas teria rejeitado a intenção de Kiev de se juntar à Otan a longo prazo.
Segundo meios de comunicação dos EUA, Putin estaria disposto a congelar grande parte da frente atual de batalha na Ucrânia se Kiev aceitasse renunciar totalmente à região do Donbass (leste). Entretanto, esta medida é considerada inaceitável para a Ucrânia, que ainda controla grande parte da área rica em recursos.
Com AFP.