Mundo

Ucrânia registra combates no leste, a 2 dias das eleições

Ao menos sete pessoas morreram em combates entre separatistas pró-russos e o Exército ucraniano, a dois dias da eleição presidencial


	Soldado ucraniano: eleição é crucial para o futuro da Ucrânia
 (Genya Savilov/AFP)

Soldado ucraniano: eleição é crucial para o futuro da Ucrânia (Genya Savilov/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2014 às 14h26.

Karlivka - Ao menos sete pessoas morreram nesta sexta-feira em combates entre separatistas pró-russos e o Exército ucraniano perto da cidade de Donetsk, a dois dias de uma eleição presidencial crucial para o futuro da Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que a crise na ex-república soviética se converteu em uma verdadeira guerra civil e culpou Washington por apoiar a destituição do ex-presidente Viktor Yanukovich, considerado por ele o presidente legítimo do país, embora tenha dito que respeitará a escolha dos ucranianos.

"A crise ucraniana foi desencadeada porque Yanukovytch adiou o acordo de associação com a União Europeia. A isso se seguiu um golpe de Estado apoiado por nossos amigos americanos e o resultado é o caos e uma verdadeira guerra civil", declarou Putin no Fórum Econômico de São Petersburgo (noroeste da Rússia).

"Segundo a Constituição não pode haver eleição porque o presidente Yanukovytch (...) é o presidente em exercício", declarou em outro momento. "Mas nós também queremos que a calma retorne (à Ucrânia), vamos respeitar a eleição do povo ucraniano", acrescentou, garantindo que Moscou "trabalhará com as novas autoridades".

Na manhã desta sexta-feira, quatro insurgentes pró-russos e três voluntários que pertencem a estes batalhões que apoiam o exército ucraniano morreram em combates perto do povoado de Karivka, na estrada que permite o acesso ao noroeste de Donetsk, segundo um fotógrafo da AFP no local.

Na véspera, o exército ucraniano registrou suas piores perdas desde o início da operação militar no dia 13 de abril, destinada a retomar o controle de regiões de Donetsk e de Lugansk, com a morte de 18 soldados.

A Ucrânia vai às urnas no domingo, em meio a uma crise política que levou o país à beira da guerra civil e da divisão e desencadeou a pior crise diplomática entre russos e ocidentais desde o fim da Guerra Fria.


Não se converter em "um pedaço do império pós-soviético"

Em um breve discurso televisionado, o presidente interino, Olexander Turchynov, convocou todos os ucranianos a ir às urnas no domingo para dar um "poder legítimo" ao país.

"Não deixaremos que nos privem de nossa liberdade e de nossa independência, e não deixaremos que a Ucrânia se converta em um pedaço do império pós-soviético", lançou Turchynov, garantindo que as autoridades fizeram todo o possível para a realização das eleições.

Segundo uma última pesquisa, o multimilionário pró-ocidental e grande favorito, Petro Poroshenko, confirma seu avanço com mais de 44% das intenções de voto, muito à frente da ex-primeira-ministra e ícone da revolução de 2004, Yulia Tymoshenko (8%).

O empresário, que promete gerir a Ucrânia da mesma forma como dirige sua próspera empresa de chocolates, Roshen, não tem garantida a eleição no primeiro turno e talvez precise esperar um hipotético segundo turno em 15 de junho para se tornar o 5º presidente da Ucrânia.

A campanha eleitoral não provocou muito entusiasmo e foi monopolizada pelo medo de uma invasão da Urânia pelas tropas russas - 40.000, segundo a Otan - mobilizadas na fronteira.

A Aliança Atlântica anunciou ter observado movimentos que poderiam sugerir uma retirada parcial das tropas. Moscou afirma, por sua vez, que estes movimentos de tropas já começaram.

Nesta sexta-feira, o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Guerasimov, denunciou que dezenas de mercenários estrangeiros, entre eles americanos, combatem no leste da Ucrânia junto às tropas governamentais contra os rebeldes pró-russos.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEuropaPolíticosRússiaUcrâniaVladimir Putin

Mais de Mundo

Trump aumenta tarifa do Canadá para 35% e divulga lista de taxas para dezenas de países

Casa Branca argumenta que reconhecer Estado palestino seria uma 'recompensa' ao Hamas

Trump dá prazo de 60 dias para que 17 farmacêuticas reduzam preços de novos medicamentos

Trump definirá novas tarifas até a meia-noite, diz Casa Branca