Sessão plenária do Brics, no Rio de Janeiro, vista do alto, durante discurso do presidente Lula, no domingo, 6 (Ricardo Stuckert/PR)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 7 de julho de 2025 às 06h00.
Rio de Janeiro - O segundo e último dia da reunião de cúpula do Brics no Brasil debaterá meio ambiente, COP30 e saúde global. Na pauta, haverá uma tentativa de fazer os países avançarem em compromissos ambientais, a serem finalizados no evento em novembro, em Belém.
Assim como outros fóruns de cooperação internacional, o Brics não gera acordos climáticos, mas abre caminho para decisões e consensos que depois levarão a futuros acertos a serem fechados na COP e em outras entidades.
Na sexta-feira, 4, organizações climáticas entregaram ao governo brasileiro um documento com cinco propostas para que o bloco assumisse a liderança na pauta de finanças, considerando seu potencial para alavancar recursos para países em desenvolvimento lidarem com os efeitos mais severos da crise do clima e investirem em adaptação.
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, demonstrou otimismo sobre o progresso já alcançado pelo Brasil e outros países em desenvolvimento.
“A verdadeira agenda [da COP] vai ser a demonstração de que já estamos em outro estágio [de transição]. Nós estamos muito mais avançados do que as pessoas pensam”, disse Lago, durante o Fórum Empresarial do Brics, no sábado.
“Muitos atores estavam exagerando o preço da transição. E vemos aqui que a transição é possível, até para os países em desenvolvimento que muitas vezes tem dificuldades de financiamento ou de tecnologia. E nós achamos soluções para isso”, afirmou o diplomata.
Também no sábado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o que chamou de reglobalização sustentável. “Uma nova aposta na globalização, baseada no desenvolvimento social, econômico e ambiental da humanidade como um todo”, disse o ministro.
Segundo Haddad, o Brics pode aumentar a ambição e trazer grandes impactos na COP30, além de contar com países que estão desenvolvendo instrumentos inovadores para acelerar a transformação ecológica.
Uma das apostas do governo brasileiro é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), voltado a transição para uma economia de baixo carbono.
“Em parceria com o Brics, almejamos consolidar-nos como um porto seguro em um mundo cada vez mais instável. Serenidade e ambição, são, portanto, as marcas da nossa presidência”, disse Haddad.
Outro tema em debate é a criação, por parte do Brics, de mecanismos de garantias financeiras para beneficiar ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável.
"Tem vários instrumentos para reduzir risco. As garantias são uma delas, porque elas oferecem garantias para mitigar certos riscos. . As garantias específicas a serem cobertas estão sendo discutidas. Garantias como de primeiras perdas, referentes a riscos de crédito, riscos políticos, riscos de mercado e outros", disse Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, em entrevista à rádio Brics.
As reuniões de trabalho serão retomadas na segunda-feira, 7, às 9h, com um debate sobre Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global.
Em saúde, o bloco debaterá criar uma Parceria para Eliminar Doenças Socialmente Determinadas, que prevê ampliar a cooperação em vacinas, entre outras medidas.
O evento será encerrado depois desta sessão. Há a expectativa de que o presidente Lula dê uma entrevista coletiva no começo da tarde.
Na segunda, também será realizado um fórum empresarial entre Brasil e Índia, organizado pela ApexBrasil e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Lula e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, deverão comparecer ao encerramento do evento, na parte da tarde.
A reunião de cúpula do Brics começou no domingo, 5. O dia teve duas sessões de debate, sobre temas como reforma de instituições globais, defesa do multilateralismo e regulação da inteligência artificial.
Foram divulgadas duas declarações, que são documentos que reúnem o posicionamento dos países sobre diversos temas. O comunicado principal tem 126 itens e traz críticas ao avanço das tarifas comerciais, uma condenação pelos ataques feitos ao Irã e uma defesa de um Estado para os palestinos entre vários outros temas. Veja a íntegra aqui.