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Venezuela denuncia suposto plano da CIA que atacaria Maduro

Governo declarou que célula criminosa relacionada à agência americana realizaria ataque ao contratorpedeiro USS Gravely, da Marinha dos EUA, para dissimular ataque por parte de Caracas e justificar ação militar da Casa Branca

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 18h20.

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A Venezuela anunciou o desmantelamento de uma suposta "célula criminosa" que estaria ligada à Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). Caracas denunciou que essa operação tinha como plano atacar o navio contratorpedeiro USS Gravely, da Marinha americana, ancorado em Trinidad e Tobago, com o intuito de culpar o governo de Nicolás Maduro.

O anúncio ocorre um dia após o governo venezuelano informar a detenção do que chamou de "um grupo de mercenários", e após protestar contra o que considera uma provocação da presença militar dos EUA na ilha caribenha.

"Em nosso território está sendo desmantelada uma célula criminosa financiada pela CIA, vinculada a esta operação encoberta", afirmou o chanceler venezuelano, Yván Gil, confirmando que notificou o governo de Porto de Espanha (capital de Trinidad e Tobago) sobre o suposto plano de "bandeira falsa".

"Informei com claridade ao governo de Trinidad e Tobago sobre a operação de bandeira falsa dirigida pela CIA: atacar um navio militar estadunidense parado na ilha e culpar a Venezuela, para justificar uma agressão contra o nosso país".

Atritos entre EUA e Venezuela

A tensão entre Venezuela e Estados Unidos tem se elevado no último mês, em parte por causa da confirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, da aprovação de operações secretas da CIA no país sul-americano.

Trump também tem falado abertamente sobre sua intenção de realizar ataques terrestres contra grupos de tráfico de drogas na região, expandindo a operação atual, que já resultou em 43 mortes. Caracas interpreta toda a manobra como parte de um plano para derrubar Maduro.

Washington está promovendo a maior concentração de recursos militares na região desde o final dos anos 1980, período da invasão do Panamá para capturar o ditador Manuel Noriega As movimentações mais recentes divulgadas pelo Pentágono incluem o envio do USS Gravely, um contratorpedeiro com mísseis Tomahawk modernos, para Trinidad e Tobago — ilha caribenha a menos de 10 km da costa venezuelana —, e o deslocamento do porta-aviões Gerald R. Ford, que a Marinha americana descreve como "a plataforma de combate mais capaz, adaptável e letal do mundo".

Além disso, Trump acusa Maduro de ser o líder do Cartel de los Soles, uma das organizações que, segundo o republicano, está ligada ao envio de drogas para os EUA. Atualmente, o governo americano oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que possam levar à prisão de Maduro.

Enquanto Caracas qualificou o envio do contratorpedeiro como uma "provocação", o governo de Trinidad e Tobago rejeitou a alegação. Segundo o país caribenho, a presença do navio visa "reforçar a luta contra o crime transnacional e construir resiliência por meio de capacitação, atividades humanitárias e cooperação em segurança".

"O governo de Trinidad e Tobago deixou claro em repetidas ocasiões que valoriza a relação deste país com o povo da Venezuela, dada nossa história compartilhada", concluiu o comunicado.

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