Modelo de cédulas de votação para a eleição legislativa da Argentina em 2026 (Reprodução)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 06h01.
As eleições legislativas da Argentina, marcadas para 26 de outubro, trazem uma novidade em seu processo de votação: haverá o uso do modelo de cédula única em todo o país, pela primeira vez.
O país usa voto impresso, mas adotava um modelo diferente: os eleitores recebiam cédulas impressas pelos partidos, com os nomes dos candidatos ou chapas, e as colocavam em envelopes, que eram depositados nas urnas.
Agora, o modelo será de cédula única: os eleitores receberão o documento do mesário e marcarão com um "x" quais são seus candidatos favoritos. Em seguida, dobrarão o papel e o depositarão na urna. Era o modo usado no Brasil até 1994. A partir de 1996, o país adotou a votação eletrônica, em vigor até hoje.
A cédula argentina trará nomes e fotos dos candidatos a diversos cargos, como deputado federal, deputado estadual e senador, a depender da província, o que gera temores de que pode haver alguma confusão na hora de votar, como a dificuldade para encontrar os nomes desejados em meio a muitas opções.
Assim, os candidatos na Argentina estão fazendo vídeos para ensinar os eleitores a usar o novo sistema. "Faça uma cruz, um x, não seja criativo", disse Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, um dos principais líderes da oposição ao presidente Javier Milei.
O modelo de cédula única já era usado em algumas partes do país antes, mas se tornou oficial no país todo por conta de uma lei aprovada em 2024.
O uso de cédula impressa e única traz ainda um desafio adicional: a dificuldade de correções, que só podem ser feitas até 15 dias antes do dia da votação.
Nesta semana, o partido de Milei, A Liberdade Avança, pediu à Justiça uma mudança na cédula de Buenos Aires, para remover o deputado federal José Luis Espert do topo da lista de candidatos, após ele desistir da disputa. O pedido foi negado, pois o custo da reimpressão poderia chegar a R$ 90 milhões.
No país, vota-se em listas de candidatos dos partidos para os cargos de deputados, que se dividem por distritos. Assim, cada partido escolhe dois nomes e fotos para colocar no topo da lista de cada distrito.
Deputado federal pela província de Buenos Aires, o maior colégio eleitoral da Argentina, Espert era o principal candidato de Milei na região. Ele renunciou após a acusação de que teria recebido US$ 200 mil do empresário Fred Machado, acusado de tráfico de drogas pelos Estados Unidos. Espert tentou disputar a Presidência em 2019 e o valor apareceu em um livro contábil secreto de Machado. O caso está sendo investigado pela Justiça.
Modelo de cédulas de votação para a eleição legislativa da Argentina em 2026 (Reprodução)