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Voto impresso: Argentina tem polêmicas em primeira eleição que usará cédula única

Novo modelo dificulta trocas de última hora e adota formato que Brasil abandonou nos anos 1990

Modelo de cédulas de votação para a eleição legislativa da Argentina em 2026 (Reprodução)

Modelo de cédulas de votação para a eleição legislativa da Argentina em 2026 (Reprodução)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 06h01.

As eleições legislativas da Argentina, marcadas para 26 de outubro, trazem uma novidade em seu processo de votação: haverá o uso do modelo de cédula única em todo o país, pela primeira vez.

O país usa voto impresso, mas adotava um modelo diferente: os eleitores recebiam cédulas impressas pelos partidos, com os nomes dos candidatos ou chapas, e as colocavam em envelopes, que eram depositados nas urnas.

Agora, o modelo será de cédula única: os eleitores receberão o documento do mesário e marcarão com um "x" quais são seus candidatos favoritos. Em seguida, dobrarão o papel e o depositarão na urna. Era o modo usado no Brasil até 1994. A partir de 1996, o país adotou a votação eletrônica, em vigor até hoje.

A cédula argentina trará nomes e fotos dos candidatos a diversos cargos, como deputado federal, deputado estadual e senador, a depender da província, o que gera temores de que pode haver alguma confusão na hora de votar, como a dificuldade para encontrar os nomes desejados em meio a muitas opções.

Assim, os candidatos na Argentina estão fazendo vídeos para ensinar os eleitores a usar o novo sistema. "Faça uma cruz, um x, não seja criativo", disse Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, um dos principais líderes da oposição ao presidente Javier Milei.

O modelo de cédula única já era usado em algumas partes do país antes, mas se tornou oficial no país todo por conta de uma lei aprovada em 2024.

Reparos na cédula

O uso de cédula impressa e única traz ainda um desafio adicional: a dificuldade de correções, que só podem ser feitas até 15 dias antes do dia da votação.

Nesta semana, o partido de Milei, A Liberdade Avança, pediu à Justiça uma mudança na cédula de Buenos Aires, para remover o deputado federal José Luis Espert do topo da lista de candidatos, após ele desistir da disputa. O pedido foi negado, pois o custo da reimpressão poderia chegar a R$ 90 milhões.

No país, vota-se em listas de candidatos dos partidos para os cargos de deputados, que se dividem por distritos. Assim, cada partido escolhe dois nomes e fotos para colocar no topo da lista de cada distrito.

Deputado federal pela província de Buenos Aires, o maior colégio eleitoral da Argentina, Espert era o principal candidato de Milei na região. Ele renunciou após a acusação de que teria recebido US$ 200 mil do empresário Fred Machado, acusado de tráfico de drogas pelos Estados Unidos. Espert tentou disputar a Presidência em 2019 e o valor apareceu em um livro contábil secreto de Machado. O caso está sendo investigado pela Justiça.

Modelo de cédulas de votação para a eleição legislativa da Argentina em 2026 (Reprodução)

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