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A ameaça chinesa: Starbucks ganha competidor de peso nos EUA com estratégia 100% digital

Luckin Coffee aposta em tecnologia, cardápio criativo e descontos agressivos para conquistar o mercado americano

Luckin Coffee: os pedidos são feitos exclusivamente pelo aplicativo da Luckin, que oferece cupons generosos e informa o horário exato de retirada da bebida (Luckin Coffee/Divulgação)

Luckin Coffee: os pedidos são feitos exclusivamente pelo aplicativo da Luckin, que oferece cupons generosos e informa o horário exato de retirada da bebida (Luckin Coffee/Divulgação)

Publicado em 28 de julho de 2025 às 09h58.

A maior rede de cafeterias da China, a Luckin Coffee, acaba de chegar aos Estados Unidos com uma estreia ousada: duas lojas em Manhattan, uma delas a menos de 60 metros de uma Starbucks.

A escolha da vizinhança não é coincidência. A marca chinesa quer competir diretamente com a gigante americana, oferecendo preços mais baixos, pedidos 100% digitais e um menu criativo de bebidas geladas.

As lojas, abertas no fim de junho, operam com um modelo enxuto: não há atendimento no balcão, nem filas. Os pedidos são feitos exclusivamente pelo aplicativo da Luckin, que oferece cupons generosos e informa o horário exato de retirada da bebida.

Em testes recentes, o tempo médio de espera foi de três a cinco minutos. No cardápio, estão opções como latte de coco com gelo, cold brew de framboesa e um drink chamado “Pink Sunrise”, feito com leite de coco, suco de manga e espuma fria de morango.

A entrada da Luckin nos EUA acontece em um momento delicado para a Starbucks. A companhia americana passa por um processo de reestruturação após cinco trimestres consecutivos de queda nas vendas em mesmas lojas.

Uma das principais dores de cabeça tem sido a sobrecarga causada pelos pedidos móveis, que alteraram o ritmo tradicional das unidades. O novo CEO, Brian Niccol, já anunciou mudanças no layout das lojas e na forma como o serviço digital será integrado à experiência de café.

Ascensão meteórica

A história da Luckin é marcada por uma ascensão meteórica e uma queda brusca. Fundada em 2017 por empresários chineses do setor de tecnologia, a marca cresceu a uma velocidade impressionante na China, abrindo milhares de lojas próximas a unidades da Starbucks.

Em 2020, a empresa enfrentou um escândalo contábil que forçou sua saída da Nasdaq e uma reestruturação interna. Desde então, sob nova gestão, a empresa retomou a expansão e superou a Starbucks em número de unidades na China: são mais de 24 mil lojas, contra cerca de 6.800 da rival americana.

A operação nova-iorquina mostra que os planos da Luckin para os EUA são ambiciosos. Analistas do mercado apontam que a empresa pode alcançar rentabilidade no mercado americano em até 18 meses, caso o volume de vendas cresça e os descontos sejam gradualmente reduzidos. Os dados preliminares indicam um alto índice de clientes recorrentes nas duas primeiras lojas.

Mesmo com apenas duas unidades nos EUA, a Luckin não esconde que mira alto. O número da segunda loja, estampado no canto do balcão, não é “2”. É “00002”. Para analistas, um indício de que a rede chinesa pretende ocupar muito mais espaço no território da Starbucks.

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