Gianni e Umberto Agnelli: advogados do neto John Elkann argumentam que divisão feita em 2004 é definitiva (Santi Visalli/Getty Images/Divulgação)
Repórter
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 10h42.
A disputa pela herança de Gianni Agnelli, o patriarca da Fiat, teve um novo desdobramento nesta segunda-feira, 29.
Em uma audiência no Tribunal de Turim, na Itália, os advogados de Margherita Agnelli, filha de Gianni, apresentaram um documento que, segundo ela, seria um testamento inédito de 1998, o que pode mudar o futuro da herança familiar.
A fortuna da família é estimada em US$ 14,2 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.
O documento, que até então era desconhecido, aponta que 25% da holding Dicembre — a principal empresa que controla os ativos da família Agnelli — deveria ser destinado ao filho de Gianni, Edoardo.
No entanto, Edoardo faleceu em 2000, dois anos antes de Gianni.
Isso coloca o novo testamento em conflito com outro documento de 1996, que designava a mesma parte da herança para John Elkann. Neto de Gianni e filho de Margheritta, ele é o atual presidente da Stellantis, além de CEO da Exor, o grupo que controla empresas como a Ferrari e a Juventus.
O centro da disputa não é apenas sobre a divisão de dinheiro, mas sobre quem controlará o império empresarial da família.
Quando Gianni faleceu em 2003, sua viúva, Marella Caracciolo, seguiu com a carta de 1996 e transferiu a parte de 25% da Dicembre para John Elkann, garantindo a ele o controle majoritário dos negócios da família.
No entanto, Margherita Agnelli afirma que o testamento de 1998 deveria ser considerado, já que representaria melhor a vontade de Gianni.
Segundo os advogados de Margherita, esse novo documento mostraria que a parte da Dicembre deveria ser dada a Edoardo, não a John.
Isso complicaria a divisão feita anos antes e traria novas questões sobre o controle da família sobre as empresas que representam seu maior patrimônio.
John Elkann, Lapo e Ginevra Elkann são atualmente os principais herdeiros do império da família Agnelli.
O controle da Exor, através da Dicembre, é essencial para manter o poder nas grandes empresas do grupo, como a Ferrari e a Stellantis. A disputa pela herança envolve o futuro dessas empresas e pode afetar a direção de negócios bilionários.
Em 2025, os Elkann também enfrentaram outra batalha legal, quando concordaram em pagar 175 milhões de euros ao fisco italiano para encerrar uma investigação sobre impostos de herança não pagos.
Margherita, que tem cinco filhos do seu segundo casamento, sempre questionou a distribuição da fortuna, afirmando que o patrimônio de Gianni foi mal administrado e que sua parte da herança foi negligenciada.
Ela acredita que os três filhos de seu primeiro casamento receberam uma parte maior do que seria justo, considerando que seus outros filhos também deveriam ter sido mais bem contemplados.
Por outro lado, os advogados de John Elkann argumentam que a divisão feita em 2004 é definitiva. Eles afirmam que o testamento de 1998 não altera a distribuição feita conforme os documentos anteriores.