Renato Costa, do Grupo Forma, e os personagens do Sítio do Picapau Amarelo: "Agora queremos também oferecer experiências depois da formatura” (Grupo Forma/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 31 de maio de 2025 às 08h12.
O setor de parques temáticos no Brasil vive um boom.
Só em 2023, o mercado movimentou 8,2 bilhões de reais e atraiu 128 milhões de visitantes — quase 40 milhões a mais que no ano anterior.
De olho nesse crescimento, uma velha conhecida dos estudantes brasileiros decidiu diversificar: a Forma Turismo, famosa pelas viagens de formatura para Porto Seguro, na Bahia, quer agora ser sinônimo de parque educativo.
A estreia será em agosto, com a inauguração do Novo Sítio do Picapau Amarelo, em Atibaia, no interior de São Paulo. O parque é o primeiro de quatro projetos previstos até 2030, com um investimento total de 150 milhões de reais, todos com foco em edutenimento — a mistura de entretenimento com conteúdo pedagógico.
A movimentação marca uma virada na estratégia da empresa, que quer reduzir a dependência da sazonalidade das viagens e criar novas fontes de receita. “Nosso plano é criar um ecossistema: o aluno entra como cliente no passeio escolar e segue com a gente até a formatura. Agora queremos também oferecer experiências depois da formatura”, afirma Renato Costa, fundador e CEO do Grupo Forma.
A meta é ambiciosa. Hoje, a empresa atende cerca de 150 mil alunos por ano. Com o parque, quer dobrar esse número já em 2025 e alcançar 300.000 visitantes anuais, somando escolas e famílias. A expectativa é que os parques passem a responder por mais de 40% do faturamento até o fim da década.
A Forma Turismo nasceu de uma viagem de formatura em 1993, quando Renato Costa organizou, como aluno, um ônibus para Porto Seguro.
Em 1997, fundou a empresa com amigos. O negócio cresceu dobrando de tamanho ano após ano, até transformar a viagem de formatura numa tradição nacional.
“Era uma viagem de 24 horas de ônibus, sem ar-condicionado. Mas foi a melhor da minha vida. Voltei decidido a replicar isso para mais gente”, afirma Renato.
Hoje, o festival de Porto Seguro ocupa 35 dias seguidos em julho, com festas noturnas para até 4.500 alunos. São 14 hotéis, mais de 400 voos fretados e uma equipe de 350 pessoas por semana — só da Forma, sem contar terceirizados.
A ideia do parque nasceu na pandemia, quando a empresa viu a receita cair a zero.
A solução foi apostar no braço pedagógico, criando passeios escolares organizados, com tecnologia e segurança. A experiência com a Mauricio de Sousa Produções abriu caminho para voos maiores.
O Sítio do Picapau Amarelo será o primeiro parque da nova fase. São 30.000 metros quadrados de área com nove atrações temáticas inspiradas nos livros de Monteiro Lobato, como a Gruta da Cuca e o laboratório do Visconde.
“Não é um parque com brinquedo. É uma imersão no conteúdo. As crianças vivem a história que antes só liam nos livros”, afirma o CEO.
A meta é atingir 200 mil visitantes anuais em três anos. O projeto é licenciado pelo Grupo Globo e pela família Monteiro Lobato. Até 2030, outros três parques serão construídos no mesmo complexo, que tem mais de 170 mil m².
As visitas serão feitas tanto por escolas durante a semana quanto por famílias nos fins de semana. Com isso, a empresa quer manter o parque com fluxo constante e diversificar a base de clientes. A operação será independente do hotel da empresa, que também será ampliado.
“O próximo parque já está sendo desenhado. Vai ter até capacidade maior que o do Sítio”, diz Costa. Os outros dois projetos seguem em estudo, mas todos terão foco educativo e personagens conhecidos do público.
O conceito de edutenimento não é novo, mas ainda é pouco explorado no Brasil. A Forma quer ocupar esse espaço com conteúdo que dialogue com o currículo escolar. “Praticamente todas as escolas usam Monteiro Lobato na alfabetização. Agora os alunos vão viver aquilo de forma prática, dentro do parque”, afirma o empresário.
A aposta é também em tecnologia. Os pais recebem alertas quando os filhos chegam nos passeios, fotos durante o dia e informações sobre os trajetos. “A gente aplicou no pedagógico a mesma tecnologia que usamos nos grandes eventos. Isso tranquiliza os pais e profissionaliza o passeio”, diz Costa.
Hoje, os parques ainda representam menos de 10% da receita da Forma Turismo. Mas com a operação do Sítio e os próximos projetos, a empresa espera que esse braço chegue a 40% do faturamento em até cinco anos.
“Estamos só começando. Com os quatro parques prontos, o impacto no nosso negócio será enorme”, afirma Renato Costa.