Negócios

Além do biscoito (ou bolacha): a estratégia da Marilan para superar os R$ 3 bilhões

Gigante das bolachas do interior de São Paulo fez aquisições para entrar em novas categorias

Grupo Marilan: empresa fazaquisições e entra na disputa por panetones  (Marilan /Divulgação)

Grupo Marilan: empresa fazaquisições e entra na disputa por panetones (Marilan /Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 30 de maio de 2025 às 05h55.

Última atualização em 31 de maio de 2025 às 09h06.

A Marilan não quer mais ser só a gigante dos biscoitos, quer dominar também o mercado de panetones. A empresa fundada pela família Garla em 1957, em Marília, no interior de São Paulo, ultrapassou 3 bilhões de reais de faturamento em 2024. Com aquisições estratégicas nos últimos anos, a empresa diversificou seu portfólio e está ampliando sua presença no mercado nacional.

A empresa é reconhecida por produtos como bolachas cream crackers, Maizena, recheadas, rosquinhas e uma variedade de salgadinhos — itens que consolidaram a marca no mercado brasileiro. Entre as principais marcas do grupo estão Marilan, Pit Stop, Teens e Lev.

O salto mais recente veio com a compra da Siena Alimentos, produtora do panetone Festtone, líder no sul do país, região onde a companhia espera ganhar maior capilaridade. A companhia fez outras duas aquisições: Casa Suíça, uma das principais fabricantes de bolos e panetones, e a Top Cau, marca de chocolates de São Paulo.

“O mercado está mudando. Não dá para ser só biscoito hoje”, afirma Rodrigo Garla, CEO do Grupo Marilan. “Estamos buscando crescer em categorias que têm mais espaço e consumo constante.”

A expansão industrial acompanha as aquisições. Além das plantas em Marília (SP) e Igarassu (PE), o grupo tem fábricas em Jandira (SP), São Paulo e São José dos Pinhais (PR). Atualmente são 21 linhas produtivas e uma área construída de 53 mil metros quadrados, produzindo cerca de 220 mil toneladas anuais.

Panetones além do Natal

A aposta em panetones é mais do que estratégia para as festas de fim de ano. Varejistas já vendem o produto o ano todo, e o consumidor muda hábitos, antecipando o consumo. A própria Casa Bauducco oferece pedaços de panetone durante o ano inteiro em sua rede de lojas, sinal claro dessa mudança.

O mercado de panetones no Brasil faturou R$ 1,2 bilhão entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, com crescimento de quase 30% no valor e aumento na penetração do produto, que já está presente em quase 63% dos lares brasileiros. A expectativa é que o segmento siga crescendo entre 3% e 8% ao longo do ano, impulsionado por inovações e pelo interesse em versões fora da época tradicional.

Com mais de 300 produtos no portfólio, a Marilan segue consolidando presença em bolos, chocolates e snacks, que vão do biscoito tradicional às novidades da linha leve, como a Magic Toast.

Esse último produto virou fenômeno digital. A Magic Toast conquistou o público principalmente no TikTok, onde perfis focados em receitas saudáveis e dicas de alimentação divulgaram o produto de forma espontânea. A repercussão nas redes acelerou o crescimento das vendas: em março de 2025, a Magic Toast teve alta de 50% na comparação com o mesmo mês de 2024. No primeiro trimestre, o aumento chegou a 20%.

Mas a Magic Toast está longe de ser o único destaque. O grupo atua em 160 mil pontos de venda, entre canais diretos e distribuidores, e mantém 30 lojas próprias — principalmente em São Paulo, incluindo as unidades da Casa Suíça. Os produtos do grupo chegam a 70% dos lares brasileiros e são exportados para mais de 50 países, mas ainda representam só 3% do faturamento.

O crescimento rápido traz seus desafios. Para Rodrigo Garla, o principal é preparar a estrutura interna sem perder a cultura familiar da empresa, que já tem quase 70 anos.

A Marilan mantém o comando familiar na terceira geração, com Rodrigo Garla à frente da empresa desde 2019. O negócio fundado Maximiliano Garla e Iracema Fontana Garla na década de 50 se tornou sociedade anônima (S.A.) em 2013 com conselho e governança mais estruturados.

“A continuidade familiar nos ajuda a preservar a cultura e os valores que sustentam o negócio, mesmo diante dos desafios de expansão e inovação”, afirma o CEO.

O momento da Marilan não é mais apenas sobre biscoitos. O desafio agora é crescer em novas categorias, inovar constantemente e manter a cultura que sustentou o negócio por décadas.

“Crescer significa estruturar pessoas e processos sem abrir mão da essência”, diz Garla. “Hoje temos cinco mil funcionários, que chegam a quase seis mil nas campanhas sazonais, como Páscoa e Natal.”

Acompanhe tudo sobre:VarejoAlimentação

Mais de Negócios

Eles transformaram um problema num negócio de R$ 400 milhões de fornos para restaurantes

MEI: prazo para entrega da declaração termina hoje (31); veja como fazer

Além de Porto Seguro: grupo Forma aposta R$ 150 milhões em parques — até do Sítio do Picapau Amarelo

Aos 22, superou o câncer. Agora, sua marca de cookies movimenta mais de US$ 100 milhões