Negócios

Após polêmica, Nubank investe R$ 20 milhões para ampliar diversidade

Banco vai mudar processo de recrutamento e seleção e formar profissionais negros para ampliar diversidade; polêmica sobre o tema surgiu após entrevista

Nubank: fundo semente para empreendedores negros (Nubank/Divulgação)

Nubank: fundo semente para empreendedores negros (Nubank/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 11h12.

Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 12h14.

O banco digital Nubank divulgou carta com detalhes de seu plano de ação para ampliar a diversidade racial na companhia. O assunto virou polêmica depois que fundadora do Nubank, Cristina Junqueira, falou sobre o tema em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura no dia 19 de outubro.

Quer trabalhar no Nubank? Aprenda data science e python do zero. Comece agora!

A carta divulgada hoje traz detalhes do que o banco discutiu internamente e em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). O texto é assinado pelos fundadores do Nubank, David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible.

No documento, a fintech informa que está investindo 20 milhões de reais em ações para promover a diversidade racial na companhia. Dentre as ações destacadas estão a revisão completa das práticas de RH, como seleção recrutamento, e avaliação de performance,  “de modo a eliminar vieses e barreiras que contribuam para a sub-representação de negros e negras” e a ampliação da equipe de diversidade, que agora conta com doze pessoas dedicadas em atração, seleção e desenvolvimento de grupos sub representados.

O Nubank também promete lançar um programa de treinamento em diversidade e inclusão com conteúdos para todos os níveis da organização, sendo que a primeira sessão ocorrerá ainda em novembro. E iniciará no ano que vem um programa de mentoria focado no desenvolvimento dos funcionários negros, negras e outros grupos sub-representados.

(EXAME Academy/Exame)

Também fará um mapeamento de profissionais e executivos negros e negras no mercado brasileiro para atrair talentos para as posições de liderança abertas atualmente ou que serão disponibilizadas em um futuro próximo. Profissionais negros e negras também podem se inscrever nos processos seletivos da empresa neste link. O banco afirma ainda que segue focado “na contratação de novos executivos negros e negras para nossa Diretoria e Conselho”.

Fundo para startups

O banco também divulga uma série de ações realizadas fora do Nubank com foco no desenvolvimento de profissionais negros. Uma delas é a abertura de um hub de tecnologia em Salvador (BA), cujo objetivo é ajudar o banco a ampliar a diversidade do Nubank e a enteder melhor a realidade dos clientes do banco no Nordeste.

O Nubank criou ainda um fundo para fazer investimento semente em startups fundadas ou lideradas por empreendedores negros e negras;

Também está trabalhando para a formação de 1.000 jovens negros e negras socialmente excluídos para o mercado de trabalho com foco em linguagem, matemática, inglês e programação. Promete ainda atuar na formação de 250 programadoras negras para contratação pelo Nubank ou por outras empresas de tecnologia.

O banco incluiu critérios de diversidade na avaliação e seleção de fornecedores durante o processo de compras.

Para monitorar o andamento das medidas adotadas, o Nubank lançou uma página de impacto social e diversidade e promete realizar ainda em novembro um censo organizacional com foco em diversidade e inclusão. Definiu também que as métricas de diversidade serão associadas à avaliação da performance dos executivos do banco.

Entenda a polêmica

Em entrevista ao programa Roda Viva, a empresária Cristina Junqueira disse que o Nubank ainda tem bastante a avançar no tema da diversidade racial.

Junqueira foi então questionada sobre se o alto grau de exigência no processo seletivo da empresa não dificultaria a entrada de pessoas negras. Ela então respondeu: “Não dá para a gente nivelar por baixo. Por isso queremos fazer o investimento em formação, criamos um programa gratuito chamado Diversidados para ensinar ciência de dados e vamos capacitar pessoas, não adianta colocar alguém para dentro que depois não vai ter condição de trabalhar com as equipes que a gente tem, de se desenvolver e avançar na carreira. Aí não estamos resolvendo um problema, estamos criando outro”.

A fala gerou repercussão nas redes sociais e a empresária foi criticada pela forma como falou sobre o tema. Ela fez um post em sua conta no Linkedin pedindo desculpas.

A carta publicada hoje é a terceira divulgada pelo Nubank desde a entrevista em outubro. Na primeira, o banco detalhava as ações de diversidade que já estavam em andamento. Na segunda, admitiu que suas ações em prol da igualdade racial, de gênero e LGBTQIA+ não foram suficientes.

“O erro foi achar que as coisas vão se resolvendo sozinhas, pela própria comunidade de Nubankers, organicamente, sem esforços contínuos e investimentos da liderança. Ficamos acomodados com o progresso que tivemos nos nossos primeiros anos de vida”, afirmaram os fundadores.

 

Acompanhe tudo sobre:DiversidadeNubank

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares